
Espanha, o segundo país europeu mais afetado depois de Itália, anunciou esta segunda-feira quase mil casos novos de coronavírus nas últimas 24 horas, com um total de 8.744 infectados, e 297 mortes, nove a mais que no domingo.
O país está em isolamento desde 14 de março e determinou sérias restrições de deslocação aos habitantes pelo menos durante 15 dias, numa tentativa de conter a escalada de contágios. Em Portugal, o governo anunciou esta segunda-feira o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham que se deslocar por razões profissionais.
Muitos países tentam aumentar a proteção com o encerramento das fronteiras, como a Alemanha, que a partir desta segunda-feira iniciou controles nos limites com cinco países (França, Áustria, Suíça, Dinamarca e Luxemburgo).
Considerada um símbolo, a Ponte da Europa, entre Estrasburgo (leste de França) e a localidade alemã de Kehl, marco da reconciliação no Velho Continente, tornou-se numa área de fronteira estritamente controlada para tentar conter a crise do coronavírus e os seus efeitos colaterais.
A polícia permite apenas a passagem de camiões com mercadorias e dos trabalhadores que são obrigados a atravessar as fronteiras.
Rússia e República Checa também fecharam as suas fronteiras.
Na América latina, o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou que os moradores de sete estados, incluindo Caracas, permanecerão isolados em casa a partir desta segunda-feira.
A Argentina suspendeu as aulas e fechou as fronteiras até 31 de março, enquanto a Guatemala registou a primeira morte. A Colômbia proibiu a entrada de estrangeiros e o Chile fechou todos os portos aos cruzeiros, depois de colocar em quarentena duas embarcações com quase 1.300 pessoas a bordo.
Outro navio, com 3.700 pessoas, está em quarentena na Nova Zelândia, que também proibiu todas as escalas de cruzeiros até 30 de junho.
Nos Estados Unidos, os novos controles para os americanos que voltam da Europa provocaram cenas de caos nos aeroportos. As cidades de Nova Iorque e Los Angeles ordenaram o encerramento de bares, restaurantes e casas noturnas. Em Las Vegas, a MGM fechou 13 hotéis e casinos.
Ação coordenada
Na frente económica, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) reduziu drasticamente no domingo as taxas de juros a zero, como parte de uma ação mundial coordenada dos bancos centrais para facilitar a liquidez.
O Fed também anunciou a compra de 500 mil milhões de dólares de títulos do Tesouro e de 200 mil milhões de dólares de títulos hipotecários para apoiar os mercados.
A iniciativa não serviu, no entanto, para tranquilizar os mercados e as Bolsas desabaram na abertura na Europa, após quedas expressivas na região Ásia-Pacífico (-9,7% em Sidney, recorde histórico).
Os mercados temem uma recessão mundial da economia perante uma pandemia que parece controlada na Ásia, mas que se propaga em outros continentes.
A União Europeia (UE) anunciou esta segunda-feira que espera uma recessão em 2020 de entre 2 e 2,5%, enquanto a China registou o primeiro retrocesso na produção em quase 30 anos, além da queda das vendas no varejo.
A empresa líder mundial do turismo, a alemã TUI, suspendeu a maior parte das suas atividades e a IAG, grupo que possui as companhias aéreas British Airways e Iberia, entre outras, prevê uma redução dos voos de pelo menos 75% entre abril e maio.
Esta segunda-feira, o número de mortes provocadas pelo novo coronavírus em todo o planeta alcançava 6.501, de acordo com um balanço da AFP com base em fontes oficiais.
G7 e UE reúnem-se por videoconferência
Desde o início da epidemia foram registados mais de 168.250 casos de contágio em 142 países ou territórios. A Europa tornou-se o epicentro da pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Agora há mais falecimentos fora da China (3.221) que no país asiático (3.199), berço da epidemia, mas que conseguiu controlar o problema e registou apenas 16 novos casos esta segunda-feira, incluindo 12 procedentes do estrangeiro.
Itália, o país mais afetado na Europa pela pandemia, registou no domingo um número recorde de 368 mortes em 24 horas, o que elevou o número de vítimas fatais a 1.809.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, pediu uma "coordenação europeia" nas áreas de saúde e economia perante o coronavírus e afirmou que o seu país ainda não atingiu o pico de infecções.
"Chegou o momento de tomar decisões corajosas", afirmou numa entrevista ao jornal Il Corriere della.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou uma videoconferência dos 27 governantes da UE na terça-feira para discutir as ações que devem ser adotadas perante as consequências humanas e económicas do novo coronavírus.
Em França (127 mortos e 5.423 casos, com mais de 400 pessoas hospitalizadas em estado grave) a situação é "muito inquietante e agrava-se de forma rápida", disse esta segunda-feira o diretor geral de Saúde, Jérôme Salomon.
O governo determinou o encerramento de bares, restaurantes, lojas e centros de ensino, mas manteve as eleições municipais de domingo, que registaram um índice de participação historicamente baixo.
O presidente Emmanuel Macron deve discursar à nação na segunda-feira à noite e anunciar novas medidas.
A Áustria (602 casos no sábado) proibiu as reuniões de mais de cinco pessoas e limitou as deslocações. Holanda e Luxemburgo também ordenaram o encerramento de estabelecimentos comerciais e locais públicos, enquanto a Irlanda fechou os pubs.
A Sérvia decretou estado de emergência por tempo indeterminado e vai mobilizar o exército para a luta contra a pandemia. Peru, Bolívia e Equador também adotaram restrições de deslocações.
A seis monarquias do Golfo, que suspenderam as suas conexões aéreas, tem quase mil casos, principalmente no Catar. A primeira morte na região foi registada no Bahrein.
O Irão, o terceiro país mais afetado do mundo, anunciou 129 mortes em 24 horas (853 óbitos no total). As autoridades pediram aos habitantes que "cancelem todas as viagens e permaneçam em casa". O santuário xiita de Machhad foi fechado.
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