Quais as vantagens da taxa fixa?
Antes de avançarmos, é importante apregoar algumas vantagens associadas aos créditos a taxa fixa, vantagens que não são meramente financeiras. Destacamos duas:
- Previsibilidade, pois sabemos a prestação que vamos pagar, independente do ciclo económico;
- Segurança, pois fazemos contas no orçamento familiar para garantir que conseguiremos assumir esse compromisso.
Estas vantagens dizem-nos que há mais vida para além das prestações mensais. Ou seja, a segurança e o conforto de sabermos com o que podemos contar podem, muitas vezes, superar os benefícios de poupar alguns euros todos os meses. Claro que a poupança pode justificar um modelo diferente, por isso temos de fazer algumas contas.
O que esperar das taxas de juro nos próximos anos?
Uma das grandes incógnitas atuais é qual a rapidez da descida de taxas de juro na Europa. Depois de terem atingido valores muito elevados, as taxas EURIBOR iniciaram uma trajetória de queda. Subiram porque a inflação estava descontrolada e estão a cair porque, supostamente, controlámos a inflação e a economia estaria a ressentir-se. Assim, mais quedas de juros vão ser justificadas pelos sinais da redução da taxa de inflação.
Para termos uma ideia mais precisa da evolução esperada das taxas de juro EURIBOR podemos visitar alguns sites, como o site do Banco Central Europeu ou o Chatam Financial. Em ambos, vamos analisar as curvas de taxas de juro, que nos dizem qual a taxa de juro para aplicações com prazos distintos (12 meses, 24 meses, 36 meses e subsequentes).
Figura – Curva de Rendimentos na Europa (BCE)
Na vertical, temos a taxa de juro e na horizontal o prazo (em anos). Percebemos que o valor mínimo é esperado dentro de 3 anos (2.17%), iniciando-se depois uma trajetória de subida. Claro que todos os dias temos alterações nas expetativas do mercado, que tanto podem ser para queda mais rápida e pronunciada ou queda mais lenta. O certo, aparentemente, é que teremos uma queda.
Compensa fixar a taxa de juro?
Aqui chegados, a pergunta de um milhão e euros é: (quando) compensa financeiramente fixar a taxa de juro? Será que devemos esperar mais uns meses?
Pela análise ao gráfico acima, talvez cheguemos à conclusão de que valerá a pena esperar um pouco mais e ir acompanhando a evolução das taxas de prazos mais longos. Já lá iremos.
Como é calculada a taxa de juro do nosso crédito?
A taxa de juro que é aplicada no seu crédito habitação, seja uma taxa fixa ou uma taxa variável, resulta da soma de dois valores:
- Indexante (EURIBOR ou semelhante);
- Spread (que é reflexo do risco da operação).
Em Janeiro, a taxa EURIBOR a 6 meses está na casa dos 2.64% e é possível contratar crédito habitação com spreads na casa dos 0.7%. Logo, contratar um crédito a taxa variável implicará um custo de 3.35%. Usando mais uma vez os dados do gráfico acima, podemos esperar que o nosso custo baixe para 2.87%. Num crédito de 100.000€ a 30 anos, esta queda implicará uma redução da prestação mensal próxima de 26€.
Vale a pena contratar taxa mista?
Se está a contar que a taxa de juro continue a cair nos próximos 2 anos, pode fazer algum sentido optar por manter a taxa variável e esperar pela queda das taxas de juro. No entanto, pode ser vantajoso antecipar já hoje esta queda de taxa e contratar um crédito habitação a taxa mista. Assim, saiba que é possível contratar uma taxa a 2 anos na casa de 2.5% a 2.7%. Ao considerar o mesmo spread de 0.7%, está a antecipar (já hoje) a queda da EURIBOR para 1.80% a 2.00%, começando já a beneficiar da poupança mensal.
E se quiser uma taxa fixa?
Se quiser contratar um crédito a taxa fixa, e como base nas informações que temos atualmente, poderá dispor de taxas próximas de 2.80% a 3.00%. Refazendo as contas, estas taxas têm implícito que é esperada uma queda de taxas de mercado. Por outro lado, incluem um fator muito relevante: concorrência bancária.
Os bancos estão muito agressivos no mercado. A luta por quota de mercado nos principais bancos a operar em Portugal é muito feroz. Os spreads têm vindo a ser reduzidos e as taxas a serem fixadas em valores cada vez mais baixos. Se pode parecer improvável termos taxas fixas próximas de 1% como tivemos no passado, não é improvável que a guerra comercial e o contexto de mercado induzam uma queda de taxas e, consequentemente, uma redução de prestações.
O que concluir?
Traduzindo o economês, esperamos uma queda de taxas de juro que virá reforçada pela concorrência entre bancos. Assim, caso tenha atualmente um crédito habitação a taxa variável, poderá fazer sentido esperar algum tempo para fixar a taxa de longo prazo. Por outro lado, pode ser interessante optar por uma taxa mista a dois anos para que antecipar a queda das taxas e usufruir de uma poupança no imediato, sem comprometer uma alteração mais estrutural passados esses 2 anos. Caso tenha dúvidas, sugerimos que consulte o simulador de crédito habitação da Reorganiza para que possamos esclarecer todas as dúvidas.
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