Provavelmente ouviu a expressão "mental coacher" pela primeira vez dias depois de Éder marcar o golo que ditou a vitória de Portugal no Europeu de Futebol de 2016. Susana Torres, a mental coacher do jogador, tornou-se uma estrela nos média portugueses.
No Campeonato Francês, apenas o Caen não esconde contar com um preparador mental na comissão técnica: Gérard Baglin, de 66 anos. "A preparação mental continua a ser um tabu", explica à agência de notícias France Presse este especialista em sofrologia e psicologia.
No Caen, depois dos maus resultados ruins de 2014, foram organizadas reuniões coletivas para dar a palavra aos jogadores. Sessões individuais, jogos, desenhos... As técnicas são diversas para estimular os jogadores em crise de confiança. Há também a "visualização mental", um exercício de "consciência relaxada". "Pedimos para que se visualize uma imagem, um gesto técnico que deu errado por exemplo. Em seguida vamos desprogramar o rasto deste gesto no cérebro para mobilizá-lo no gesto ideal, na imagem de um passe perfeito", explica Baglin.
Raphael Homat, preparador mental de 36 anos, trabalhou com os ex-jogadores Dennis Appiah e Neal Maupay, ambos do Caen. Hoje está no Brest, da 2ª divisão, depois de passar por Nice e Saint-Etienne. "Nunca trabalhei com um clube apenas, é uma boa maneira de continuar independente", afirma. "O jogador paga a consulta, cerca de 150 euros por sessão de uma hora" e "não sofre a pressão do vestiário ou de ter que prestar contas ao técnico".
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Homat também é um adepto da visualização mental ou de técnicas como o "switch": "preparar com os jogadores palavras-chave ou uma frase que vão ajudar a mudar o seu estado de espírito" e eliminar pensamentos parasitas.
Estes profissionais não precisam contudo de um diploma para trabalhar como preparadores mentais, o que pode ser perigoso. A maioria estudou psicologia, mas nem todos. A atividade não está ainda regulamentada na maioria dos países.
"Alguns não são muito sérios", alerta Makis Chamalidis, psicólogo do Desporto que trabalha há vinte anos com futebol, ténis e golfe. "Pode haver muita léria, muita vontade de se vender, e muitas vezes há esquemas com empresários".
A preparação mental tem sido mais utilizada em países com campeonatos mais competitivos. "Quando vejo clubes como o Barcelona ou o Arsenal com verdadeiras equipes dedicadas, não é por acaso", lembra Chamalidis.
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