Em declarações aos jornalistas após uma visita à unidade 1 do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), conhecida como Hospital Santos Silva, o bastonário Miguel Guimarães admitiu ser positivo o facto deste equipamento hospitalar estar a ser reabilitado, mas apontou ter encontrado muitas carências.

"O nosso ministro da Saúde tem de perceber que o hospital de Gaia é um hospital de referência do Norte do país. É o hospital que serve uma população muito considerável, que dá apoio à população do hospital da Feira, que tem alguns serviços de referência que são absolutamente importantes até no contexto nacional e que tem um grupo de profissionais de elevadíssima qualidade", disse Miguel Guimarães.

O bastonário falou em "más condições" para doentes e médicos e salientou que "muitos equipamentos já passaram o prazo de validade", faltando também, disse, capital humano.

Segundo o responsável da Ordem dos Médicos, as consequências passam pelo cancelamento de exames, cirurgias e consultas.

Miguel Guimarães apontou um exemplo relacionado com o serviço de cardiologia de intervenção, uma das áreas nas quais o CHVNG/E é referência, considerando-o "amputado" devido à existência de equipamentos que não funcionam.

"A cardiologia de intervenção neste momento está amputada com uma sala para fazer cardiologia de intervenção. E, como este centro de cardiologia de intervenção é um dos centros de referência do Norte do país, recebe doentes de todo o lado. Se tiverem de atuar em dois doentes simultaneamente, não conseguem fazê-lo", descreveu.

O bastonário também falou em falta de camas e de um apoio mais forte dos cuidados continuados para que os doentes que estão internados possam ter alta, podendo dar lugar a outros doentes no serviço de urgência.

"Nesta matéria não há nada de novo [face às ultimas visitas]. A única coisa que o hospital conseguiu no último ano foi ter mais dez camas, reutilizando um espaço que estava abandonado", adicionou o bastonário.

Quanto às obras, cuja portaria governamental necessária foi assinada, indicou segunda-feira a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), Miguel Guimarães disse não ter obtido informação de quando irão estar concluídas.

Questionado sobre o processo de substituição do conselho de administração, estrutura até aqui presidida por Silvério Cordeiro mas cujo mandato terminou no final de dezembro de 2016, tendo já sido informado da não recondução da equipa, Miguel Guimarães falou em "respeito pelas decisões tomadas".

"A Ordem dos Médicos respeita todos os conselhos de administração, independentemente de pontualmente discordar com algumas medidas que são tomadas. E a Ordem dos Médicos também respeita as decisões do ministro da Saúde sobre esta matéria", disse o bastonário.