"Este caso é o espelho da grave situação de insegurança que se vive no Serviço Nacional de Saúde e de um clima de conflitualidade institucional que infelizmente é alimentado pela própria tutela e que não dignifica nem beneficia ninguém", afirma o bastonário da Ordem dos Médicos em comunicado.
Miguel Guimarães acrescenta que “o aumento de casos de agressão contra profissionais de saúde é o espelho do desinvestimento do Governo no Serviço Nacional de Saúde e da insistência numa política que cria ambientes de tensão que prejudicam profissionais e utentes”.
“Os médicos estão a ser obrigados a cumprir horários desumanos e a dar resposta a um número de doentes que está muito para lá do aceitável e que os coloca em situações de sofrimento ético, com prejuízo para a qualidade e a segurança clínica”, insiste.
O bastonário recorda que os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde, referentes a 2018, revelam que no ano passado foram notificados mais de 950 casos de incidentes de violência contra profissionais de saúde, tornando-se 2018 no ano com mais situações reportadas. Em cerca de um quarto das situações as agressões ocorreram contra médicos.
Miguel Guimarães exige que "o Ministério da Saúde tenha uma intervenção rápida e urgente, com medidas e políticas concretas que permitam devolver aos profissionais e aos utentes um Serviço Nacional de Saúde em que o respeito, a confiança, a segurança e
qualidade imperem em todas as suas vertentes".
Centro hospitalar garante que a unidade é segura
A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste, Elsa Banza, disse que o doente, quando ia para uma consulta na urgência, viu o médico cirurgião, de 60 anos, na sala de pequenas cirurgias e desferiu-lhe “três facadas na zona das nádegas”. O crime “não foi no âmbito de uma consulta àquele doente”, esclareceu.
O médico foi transportado “com ferimentos superficiais” para a urgência de Caldas da Rainha, onde se encontra internado, mas está “estável e não está em risco de vida”.
O Centro Hospitalar do Oeste comunicou o crime à PSP, que deteve o suspeito ainda nas instalações hospitalares.
Segundo a administradora, trata-se de um doente com “patologia psiquiátrica” que recorre com frequência ao hospital de Peniche, onde conhece os profissionais de saúde e as instalações.
Elsa Balza afastou qualquer hipótese de falta de segurança naquela unidade hospitalar.
Sindicato pede responsabilização das administrações
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) manifestou solidariedade para com o cirurgião agredido no Hospital de Peniche, referindo que as administrações “devem ser responsabilizadas” pela segurança dos médicos.
“A violência e a intimidação sobre médicos e outros profissionais de saúde no exercício da profissão são inadmissíveis. Para o SMZS, as administrações devem ser responsabilizadas pela segurança dos profissionais nos locais de trabalho”, refere o sindicato em comunicado.
“O SMZS exige a garantia da segurança dos médicos no exercício das suas funções e o investimento na prevenção destas situações, reivindicando o reconhecimento à profissão médica do estatuto de risco e penosidade acrescida”, acrescenta.
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