"Restringir o acesso ao aborto não reduz o número de procedimentos, apenas leva mulheres e meninas a realizar procedimentos inseguros", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus no Twitter, sem mencionar diretamente os Estados Unidos.
“O acesso a um aborto seguro pode salvar vidas”, declarou o responsável da OMS.
Ghebreyesus enfatizou hoje que "as mulheres devem sempre ter o direito de escolha quando se trata dos seus corpos e da sua saúde".
Segundo a OMS, os abortos inseguros causam cerca de 39.000 mortes por ano em todo o mundo e resultam na hospitalização de outros milhões de mulheres devido a complicações.
A maioria dessas mortes está concentrada em países de baixo rendimento – mais de 60% em África e 30% na Ásia – e entre as pessoas mais vulneráveis.
Os dados mostram que as restrições ao acesso ao aborto não reduzem o número de abortos, segundo a OMS.
No seu portal na internet, a agência da ONU também afirma que nos países com as restrições mais severas, apenas um em cada quatro abortos é seguro, em comparação com quase nove em dez em países onde o procedimento é amplamente legalizado.
A OMS divulgou novas diretrizes sobre cuidados com o aborto no início de março, com o objetivo de proteger a saúde de mulheres e jovens e ajudar a prevenir os mais de 25 milhões de abortos inseguros que ocorrem atualmente todos os anos em todo o mundo.
Essas diretrizes reúnem mais de 50 recomendações relacionadas com a prática clínica, prestação de serviços de saúde e intervenções legais e políticas para apoiar a prestação de assistência ao aborto com qualidade.
O jornal norte-americano Politico noticiou na segunda-feira, citando documentos não divulgados, que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos prepara-se para anular a decisão histórica de 1973 que reconheceu o direito ao aborto.
O diário afirmou ter obtido um projeto de decisão escrito pelo juiz conservador Samuel Alito e datado de 10 de fevereiro, que ainda está a ser negociado até à publicação, prevista para antes de 30 de junho.
O processo Roe v. Wade, que há quase meio século sustentava que a Constituição dos EUA protegia o direito da mulher a fazer um aborto, era "totalmente sem mérito desde o início", de acordo com o documento obtido e citado pelo Politico.
Se esta conclusão for aceite pelo Supremo Tribunal, os Estados Unidos voltarão à situação que existia antes de 1973, quando cada Estado era livre de proibir ou autorizar a realização de abortos. Dada a grande divisão geográfica e política sobre a questão, espera-se que metade dos Estados, especialmente no sul e no centro conservadores, proíbam rapidamente o procedimento.
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