No seu relatório sobre a situação, publicado nas primeiras horas desta segunda-feira, a OMS indica que sua "avaliação de risco (...) não mudou desde a última atualização (22 de janeiro): muito alto na China, alto no nível regional e em todo o mundo".

Em relatórios anteriores, a agência especializada das Nações Unidas apontou que o risco global era "moderado". "Foi um erro de formulação nos relatórios de 23, 24 e 25 de janeiro, e nós já o corrigimos", explicou à AFP uma porta-voz da instituição com sede em Genebra. 

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As autoridades de Pequim relataram esta segunda-feira a primeira morte na capital chinesa pelo novo vírus mortal que se espalhou rapidamente por todo o país, matando mais de 80 pessoas e causando alarme global.  A vítima era um homem de 50 anos que visitou a cidade central de Wuhan, o epicentro da epidemia, a 8 de janeiro e desenvolveu febre depois de retornar a Pequim sete dias depois, informou a comissão de saúde da cidade. Morreu esta segunda-feira de insuficiência respiratória.

Também hoje, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que ofereceu à China "qualquer ajuda necessária" para conter a epidemia que já infetou mais de 2.700 pessoas e provocou 81 mortos.  "Estamos em comunicação muito estreita com a China sobre o vírus", disse Trump no Twitter.

"Poucos casos foram relatados nos Estados Unidos, mas estamos muito atentos. Oferecemos à China e ao presidente Xi (Jinping) toda a ajuda necessária. Os nossos especialistas são extraordinários", afirmou.

O consulado dos Estados Unidos em Wuhan, a cidade mais afetada por este surto do novo coronavírus, está a planear um voo fretado na terça-feira para retirar o pessoal diplomático e alguns outros norte-americanos.

A embaixada dos Estados Unidos em Pequim disse que a capacidade limitada no voo para São Francisco significa que a prioridade será dada aos indivíduos “com maior risco” de apanhar o coronavírus.

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Já o Governo português quer retirar por via aérea os portugueses retidos em Wuhan, cidade chinesa de onde é originário o coronavírus, e para isso equaciona fretar um avião.

OMS acha precoce falar em emergência internacional

Na última quinta-feira, a OMS considerou "muito cedo para falar de uma emergência de saúde pública de alcance internacional". "Ainda não é uma emergência de saúde global, mas pode vir a ser", declarou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que viajou para a China.

A OMS só utiliza esse termo para epidemias que exigem uma certa reação global, como a gripe suína H1N1 em 2009, o vírus zika em 2016 e a febre do ébola que atingiu parte da África Ocidental entre 2014 e 2016 e a República Democrática do Congo desde 2018.

Países preparam retirada de cidadãos

O porta-voz do Governo japonês, Yoshihide Suga, disse que 560 cidadãos japoneses estão confirmados em Hubei e que voos fretados estão a ser preparados para a saída destas pessoas “o mais rápido possível”.

"A embaixada do Japão em Pequim disse que a retirada inicial é limitada aà que estão em Wuhan. Espera-se que os retirados incluam funcionários da Honda Motor Co., Tokyo Electron, Aeon Co. e outras empresas japonesas que operam em Wuhan”, declarou o porta-voz do Governo japonês.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que designará o novo coronavírus como uma doença infecciosa sujeita a hospitalização e isolamento forçados, medidas preventivas para a preparação da retirada dos cidadãos da China.

A ministra da Saúde francesa, Agnes Buzyn, disse que os cidadãos franceses que querem deixar Wuhan serão transportados num voo direto para França em meados da semana em curso e, então, mantidos em quarentena por 14 dias.

A montadora francesa PSA, que produz carros Peugeot e Citroen, disse que estava a retirar os seus funcionários expatriados e as suas famílias de Wuhan e colocando-os em quarentena numa outra cidade.

Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Jean-Yves Le Drian, disse que se está a preparar uma retirada aérea dos seus cidadãos de Wuhan.

“Em conexão com os Ministérios do Interior, Saúde e Forças Armadas, estamos a implementar uma operação de retorno por via aérea para os nossos nacionais”, disse Le Drian, especificando que essa retirada ocorrerá “‘a priori’, no meio da semana”.

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A embaixada do Sri Lanka em Pequim solicitou que um avião da Sri Lankan Airlines pudesse pousar no aeroporto de Wuhan para retirar 32 estudantes do Sri Lanka e os seus familiares desta região.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros também disse que estava a trabalhar para trazer de volta todos os outros estudantes do Sri Lanka por toda a China. Cerca de 860 estudantes cingaleses estão naquele país.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Marise Payne, anunciou que o seu Governo está “a explorar todas as oportunidades” para ajudar na retirada de vários australianos que supostamente estão em Wuhan.

A governante não deu mais detalhes. A Austrália não tem representação consular em Wuhan.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, disse, por seu lado, que o seu país está a pensar retirar os seus cidadãos de Wuhan e que o comité de resposta a crises do Governo irá encontrar-se em breve com especialistas médicos para avaliar a situação.

Maas disse que o número de cidadãos alemães em Wuhan está na casa dos dois dígitos. O Negócios Estrangeiros da Alemanha atualmente aconselha os alemães a abster-se ou adiar as "viagens não essenciais" para a China.

Além do território continental da China, também foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Austrália e Canadá.

As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado. A China prolongou já por três dias as férias do Ano Novo Lunar, até 02 de fevereiro, para desencorajar viagens e tentar conter a propagação do coronavírus. Enquanto isso, constrói novos hospitais em Wuhan para acolher os infetados.

A Mongólia, que compartilha uma longa fronteira com a China, decidiu encerrar hoje os pontos de travessia rodoviária com este país para evitar a propagação do novo coronavírus.

O Governo português desaconselhou “viagens não essenciais” à China e admitiu a retirada de portugueses de Wuhan, se a medida for viável à luz das regras de saúde pública. Cerca de duas dezenas de cidadãos portugueses residem em Wuhan.

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