Após o discurso de Marta Temido neste segundo e último dia de debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2021, Moisés Ferreira defendeu que o próximo ano será o de maior desafio para o SNS.
"Mas, infelizmente, a proposta do Governo de Orçamento não responde às necessidades. O SNS tem de responder a milhões de cirurgias, exames e consultas em atraso e o Governo não lhe dá esses recursos. O aumento das transferências será de 0,03%" no próximo ano, estimou o deputado do Bloco de Esquerda.
Tal como fizera antes a deputada do PCP Paula Santos, também Moisés Ferreira criticou o Governo por estar a anunciar contratações de "profissionais que já estão a trabalhar no SNS", defendendo que o sistema público de saúde "precisa urgentemente de mais e novos profissionais".
O dirigente do Bloco de Esquerda deixou depois um aviso à ministra da Saúde: "Não transferir mais recursos para o SNS é acabar por drenar os nossos recursos para o setor privado".
"Isso é desistir do SNS. Se o Governo ainda estiver disponível para alternativas, o Bloco de Esquerda tem essa alternativa", sustentou.
Na resposta, Marta Temido prometeu da parte do executivo "dedicação plena, a mesma que existiu quando o Conselho de Ministros autorizou um regime de contratação excecional de profissionais de saúde, permitindo que cada instituição os contrate diretamente enquanto durar a pandemia de covid-19".
"Dedicação plena também quando eu levei ao Conselho de Ministros a necessidade de aquisição do medicamento Remdesivir [para tratamento da covid-19] no valor de 35 milhões de euros, ou quando o Governo fez um investimento de 130 milhões de euros na vacina, ou, ainda, quando assumiu pagar 60 milhões de euros para haver equipamentos de ventilação", reagiu.
A ministra da Saúde salientou depois que o país se encontra numa fase de "enorme dificuldade" e reconheceu que "há aspetos por executar" no Orçamento.
"Mas estamos a agir rapidamente e, para isso, é fundamental conhecer a verdade. E a verdade é que este Orçamento apresenta um aumento do investimento nos serviços públicos", defendeu Marta Temido.
Antes, a deputada do PCP Paula Santos tinha falado na existência de "uma gigantesca campanha para empurrar os cuidados de saúde para os grupos privados e considerou insuficiente a promessa do Governo no sentido de contratar mais 4200 profissionais para o SNS.
Paula Santos acusou o executivo socialista de andar a fazer "malabarismos com os números", exigiu uma melhoria imediata das carreiras e advertiu que a estrutura pública "precisa urgentemente de ser reforçada".
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