Os dados constam do relatório de 2023 da Federação Mundial de Obesidade (WOF, na sigla em inglês), parceira da Organização Mundial da Saúde, e que prevê uma tendência “muito elevada” da prevalência da doença nos próximos anos.
O Atlas da Obesidade Mundial projeta, assim, um aumento da obesidade de 2,8% ao ano entre 2020 e 2035 para a população adulta, uma percentagem que sobe para os 3,5% no caso das crianças portuguesas.
De acordo com a WOF, a despesa da saúde com esta doença (obesidade e excesso de peso) será equivalente a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2030 e de 2,2% em 2035, um impacto considerado pela organização como “muito elevado”.
Apesar destas projeções de subida da prevalência, o documento indica Portugal como o oitavo país mais bem preparado para combater a obesidade, atribuindo uma classificação de “bom”, e apenas atrás da Suíça, Finlândia, Noruega, Islândia, Suécia, França e Reino Unido.
Esta classificação nacional da WOF é atribuída pela Direção-Geral da Saúde (DGS) “ao conjunto de medidas de promoção da saúde que tem sido desenvolvido”, através do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS).
No Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade, a DGS salientou que este “bom resultado de Portugal” se deve a medidas na área da alimentação saudável e da atividade física, como as ações que visam legislar sobre o ‘marketing’ dos alimentos pouco saudáveis ou reduzir o sal nos alimentos, caso do teor máximo de sal no pão.
“Destaca-se, também, a capacidade das unidades de cuidados de saúde primários em identificarem precocemente e darem resposta a patologias associadas à obesidade, como é o caso da diabetes ou das doenças cardiovasculares”, adiantou a direção-geral.
O novo PNPAS, apresentado em março, pretende reduzir o consumo de alimentos não saudáveis em pelo menos 15% até 2030 e defende respostas imediatas de saúde perante a “magnitude do problema”.
De acordo com o documento, a obesidade, enquanto doença crónica e simultaneamente fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças, atinge 28,7% da população adulta portuguesa (cerca de dois milhões de pessoas), sendo que mais de metade da população apresenta excesso de peso (67,6%).
A nível mundial, o relatório da WOF alerta que nenhum país relatou um declínio na prevalência da obesidade na sua população e “nenhum está no caminho certo para cumprir a meta da Organização Mundial da Saúde” definida para a mitigação desta doença crónica.
“As estimativas para os níveis globais de excesso de peso e obesidade sugerem que mais de quatro mil milhões de pessoas podem ser afetadas até 2035, em comparação com os mais de 2,6 mil milhões em 2020”, refere.
De acordo com o documento, estas projeções refletem um aumento da proporção da doença na população mundial, de 38% em 2020 para mais de 50% em 2035, números que excluem as crianças com menos de cinco anos.
O Atlas adianta ainda que uma análise a 38 estudos de 17 países apurou que os períodos de confinamento durante a pandemia da COVID-19 resultaram num aumento de 1,5 quilos nos adultos e adolescentes.
Além de seguir indicadores da Organização Mundial de Saúde, o ranking avalia vários parâmetros e medidas colocadas em prática pelos 183 países analisados, como a cobertura e capacidade de resposta dos serviços de saúde, a mortalidade prematura por doenças crónicas e as políticas de prevenção implementadas.
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