No dia 4 de março assinala-se o Dia Mundial da Obesidade.

Este dia visa a sensibilização para este grave problema de saúde pública. É de extrema importância dar ênfase à sua prevenção e ao seu tratamento, bem como para a necessidade emergente de inverter esta problemática.

O tema escolhido para 2023 é “Mudança de Perspetivas: Vamos Falar Sobre Obesidade”.

A prevalência de obesidade aumentou nos adultos e nas crianças de todas as idades, independentemente da zona geográfica, da etnia ou da condição socioeconómica. Os valores quase triplicaram desde 1975 e aumentaram quase cinco vezes em crianças e adolescentes. A obesidade apresenta proporções epidémicas!

Esta é uma doença crónica, de etiologia multifatorial que envolve uma interação complexa entre fatores genéticos, hormonais, psicológicos, comportamentais e uma multiplicidade de fatores socioambientais. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o excesso de peso é o principal fator de risco para várias doenças crónicas, incluindo a diabetes, as doenças cardiovasculares e respiratórias, a infertilidade e alguns tipos de cancro, entre outras. A obesidade acarreta ainda problemas psicológicos e limitações funcionais as quais poderão ter grandes repercussões na qualidade de vida dos indivíduos, com grande impacto social e económico.

O tratamento da obesidade é complexo e de longo prazo, não pode ser redutor nem simplista. Pelo que, as abordagens muito rígidas e restritivas não são sustentáveis, podendo vir a acarretar efeitos negativos, embora possam ser usadas por um período limitado sob supervisão do nutricionista e do médico. 

Os pilares para o tratamento da obesidade assentam numa abordagem multidisciplinar que inclui a alteração do estilo de vida, com especial relevo para: a intervenção nutricional, a prática de atividade física, a abordagem psicológica, o tratamento farmacológico e cirúrgico. É muito importante ter em atenção que por se tratar de uma doença crónica, a dieta recomendada para o seu tratamento, para além de contribuir para a redução ponderal da pessoa com obesidade, deve contribuir para a sua saúde global. 

Na atualidade a informação ou desinformação associada a tratamentos para a obesidade é imensa. A pessoa com obesidade pode tornar-se no decorrer do tempo desmotivada, sentir-se discriminada, maltratada e vítima da indústria do emagrecimento, e ainda de algum “terrorismo nutricional”. 

Para que o doente obeso não seja vítima da desinformação nutricional e não compre “gato por lebre” é importante que esteja empoderado de conhecimentos que lhe permitam uma adequada leitura e compreensão do rótulo dos alimentos. Embora atualmente o consumidor tenha acesso privilegiado à informação, esta disponibilidade não se tem traduzido na compreensão da informação nutricional presente nos rótulos dos alimentos. Segundo os dados do estudo “Atitudes dos consumidores portugueses face à rotulagem alimentar”, cerca de 40% dos portugueses não faz uma adequada leitura do rótulo dos alimentos, sendo os baixos níveis de literacia da população portuguesa uma das barreiras identificadas. A adequada leitura dos rótulos alimentares é fundamental na gestão da obesidade.

Para travar o crescimento desta pandemia nenhuma abordagem só por si é suficiente. Segundo o European Regional Obesity Report de 2022 da OMS os esforços para a prevenção da obesidade devem abordar fatores estruturais. São assim necessárias estratégias de prevenção ao longo do ciclo de vida, a modificação dos ambientes obesogénicos (ambientes promotores de obesidade), programas de prevenção primária, recomendações de políticas económicas (relacionadas com o consumo de frutas e produtos hortícolas) e a implementação de campanhas de educação. Este relatório indica, como ponto positivo para Portugal a lei da publicidade dirigida a crianças que “restringe a publicidade de bebidas e alimentos ricos em gordura, sal e açúcar”.

No dia 4 de março e nos restantes dias, não se esqueça, é importante conversar e debater a problemática da obesidade para que seja possível a alteração do statu quo e transformar os resultados de saúde da população, em resultados mais positivos.