“A confirmação destes novos casos é um aviso crítico para aumentar os esforços de resposta para deter rapidamente a cadeia de transmissão e evitar um potencial surto em grande escala e a perda de vidas”, disse a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, referindo-se aos oito novos casos na Guiné Equatorial anunciados hoje pela OMS, e no mesmo dia em que o Quénia e o Uganda reforçaram as medidas de segurança face à evolução do número de casos na vizinha Tanzânia.
“O vírus de Marburg é muito virulento mas pode ser controlado e detido com uma mobilização rápida de um amplo leque de medidas de resposta a surtos”, afirmou.
A OMS anunciou hoje mais oito casos confirmados laboratorialmente com o vírus Marburg na Guiné Equatorial, elevando para nove o número total, havendo mais 20 casos prováveis desde o início do surto. No entanto, as autoridades da Guiné Equatorial tinham relatado, até final de fevereiro, 11 mortes associadas ao surto de Marburg.
“Desde que a primeira notificação de surto foi publicada, a 25 de fevereiro, mais oito casos confirmados em laboratório foram diagnosticados com a doença de Marburg na Guiné Equatorial, o que eleva o total para nove casos confirmados laboratorialmente e 20 casos prováveis”, lê-se num comunicado da OMS.
O Ministério da Saúde da Guiné Equatorial continua sem divulgar o número atualizado de casos, tendo apenas escrito no Twitter que estão a ser realizadas formações sobre o vírus Marburg em Bata e Evinayong, destinados a líderes comunitários para reforçar o cumprimento das medidas de prevenção e a importância da participação comunitária”.
“Já houve sete mortes confirmadas em laboratório, e todos os casos prováveis faleceram”, acrescenta a OMS, notando que “dos novos oito casos confirmados, dois eram da província de Kié-Ntem, dois do litoral e dois de províncias do centro sul” e avisando que “as áreas que estão a relatar casos distam 150 quilómetros entre elas, o que sugere uma transmissão mais ampla do vírus”.
A estes números juntam-se as 11 pessoas cujas mortes são atribuídas à doença, registadas entre 7 de janeiro e 7 de fevereiro, mas que não foram confirmadas em laboratório, pelo que o número total, desde o princípio, poderá estar nos 18 (11 sem confirmação laboratorial e sete confirmadas em laboratório).
A OMS já mobilizou peritos para este país da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) “para apoiar a resposta nacional e fortalecer o envolvimento da comunidade” e alertou que “o risco deste surto é muito elevado a nível nacional, moderado a nível regional e baixo a nível internacional”.
Em África, já houve surtos anteriores e esporádicos em Angola, República Democrática do Congo, Quénia, África do Sul e Uganda, tendo a Guiné-Conacri confirmado um caso em agosto de 2021, e o Gana também anunciou dois casos em julho de 2022.
A mais recente preocupação, para além da Guiné Equatorial, é a Tanzânia, que confirmou na quarta-feira um surto da doença que já fez cinco mortos no país.
O vírus Marburg é um agente patogénico altamente perigoso que causa febre alta, muitas vezes acompanhada de hemorragia multiorgânica, e reduz a capacidade do organismo de funcionar corretamente.
É um membro da família dos filovírus, que também inclui o vírus Ébola, que tem causado várias epidemias mortais em África.
O hospedeiro natural do vírus Marburg é um morcego africano da fruta, que transporta o vírus mas não adoece. Estes animais podem transmiti-lo aos primatas que vivem perto deles, incluindo os humanos. A transmissão intra-humana ocorre então através do contacto com sangue ou outros fluidos corporais.
As taxas de mortalidade por casos confirmados variaram entre 24 e 88% em surtos anteriores, dependendo da estirpe do vírus e do tratamento dos doentes, de acordo com a OMS.
Atualmente não existe vacina nem tratamento antiviral, mas estão a ser avaliados tratamentos experimentais, incluindo derivados do sangue, imunoterapias e terapias medicamentosas, segundo a OMS.
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