Há uns meses realizei um questionário na minha página de Instagram em que questionava onde é que as pessoas guardavam as suas escovas de dentes. 80% respondeu que as guardava na casa de banho ao lado do lavatório. Mas será essa a melhor opção?

Hoje em dia existem estudos que confirmam a presença de coliformes fecais em escovas dentárias que estão a menos de 2 metros da sanita. Isto quer dizer que microorganismos presentes no nosso intestino e expulsos nas fezes se podem disseminar até cerca de 2 metros à volta da sanita após a descarga da água do autoclismo e depositar-se nas cerdas das escovas de dentes. Assustador não é?

E onde entra aqui o novo coronavírus?

Um estudo publicado na revista Lancet mostra a presença do vírus SARS-CoV-2 nas fezes de pessoas infetadas com o mesmo. E ainda mais importante que isso, mesmo após o teste respiratório ao vírus ter dado negativo, vários pacientes apresentaram a presença do mesmo em amostras fecais por cerca de mais 10-30 dias.

O que quer isto dizer? Que é possível haver transmissão do vírus via fecal-oral. E então o que tem a minha escova dentária a ver com isto?

Sendo possível a disseminação de agentes fecais através da descarga de água da sanita para a escova dentária quando a distância entre ambas é de menos de 2 metros, é então possível encontrar a presença do novo coronavírus na escova de dentes caso esteja infetado. Isto é ainda mais importante quando existe partilha da casa de banho entre duas ou mais pessoas. Afinal, não temos todos os mesmos comportamentos de prevenção.

O que podemos então fazer para prevenir a via de infeção fecal-oral e a deposição destes microorganismos na nossa escova?

  • Não partilhar escovas dentárias;
  • Se partilhar casa de banho, não guardar as escovas juntas;
  • Guardar a escova a mais de 2 metros da sanita e caso seja uma casa de banho mais pequena guardar no armário, num local seco;
  • Ter o cuidado de descarregar a água com a tampa da sanita para baixo;
  • No fim da escovagem, remover o excesso de água da escova batendo no lavatório e não secando com uma toalha e desinfetar com um anti-séptico oral à base de clorohexidina (aqueles líquidos cor de rosa);
  • Não se deve guardar com a tampa de proteção; esta deve ser usada apenas quando se transporta a escova em viagens, por exemplo; a tampa cria um ambiente húmido propício ao crescimento de fungos.

Estes são cuidados que devemos ter no dia-a-dia e ainda mais atenção nesta fase crítica que vivemos. Acima de tudo protejam-se e ajudem a proteger os outros.

As recomendações são da médica dentista Mónica Miranda.

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