
Os seis sindicatos tinham uma reunião marcada para ontem para analisar a contraproposta do Governo, mas, à falta do documento, o encontro serviu para concertar formas de luta.
A greve tem o apoio da Ordem dos Enfermeiros e foi convocada por todos os sindicatos do setor: Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Sindicato dos Enfermeiros, Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros e Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira.
As reivindicações
Quanto às razões para mais uma paralisação, Carlos Ramalho da Sindepor explicou que "o Governo disse que até 15 de Agosto faria uma proposta [sobre a carreira dos enfermeiros], mas não o fez, pelo que todas as lutas que virão no futuro têm a ver com isso".
A Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros, que inclui o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem e o Sindicato dos Enfermeiros, reivindica:
- A criação da carreira de especialista e um vencimento adequado a estas funções;
- Uma nova tabela salarial para toda a classe (atualmente um enfermeiro eminício de carreira ganha 1200 euros brutos) e a generalização do horário de 35 horas semanais (há muitos profissionais que continuam a trabalhar 40 horas por semana).
- A não deterioração de salários;
- A valorização do trabalho especializado.
A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE) sublinha que "os enfermeiros estão sem carreira, não têm categorias profissionais que a OE lhes reconhece, levam para casa menos de 1.000 euros por mês, generalistas e especialistas, os que trabalham 35 horas e os que trabalham 40 horas", além do seu elevado nível de exaustão.
Ana Rita Cavaco lembra ainda que os serviços não cumprem o número mínimo de enfermeiros para manter as pessoas em segurança e garantir a qualidade dos cuidados prestados.
"Vivemos tempos de emergência. O risco de o nosso Serviço Nacional de Saúde colapsar aumenta de dia para dia. Todos os dias estão a chegar à Ordem relatos de enfermeiros que manifestam intenção de escolher um dia para abandonar os serviços dos hospitais e centros de saúde. Temo que, ainda este mês, o façam, como na Finlândia. Os enfermeiros já ultrapassaram o seu limite e organizam-se fora das estruturas tradicionais que os representam, sindicatos e associações", realça Ana Rita Cavaco.
Comentários