Em declarações à agência Lusa, Sérgio Dias, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (IMM) na área do cancro, disse que as descobertas dos cientistas hoje distinguidos, relativas à forma como as células se adaptam às diferenças de oxigénio, são muito importantes porque "todas as células precisam de oxigénio para sobreviver".
"Este Prémio Nobel é mesmo um nobel da fisiologia, pois permite compreender como é que as células respondem aos níveis de oxigénio e, em doenças, permite perceber como a ausência de oxigénio, ou a descida dos niveis normais de oxigénio - a tal situação de hipoxia -, pode explicar o desenvolvimento e progressão de algumas doenças", afirmou.
O investigador do IMM exemplificou com o caso do cancro: "um tumor vai-se desenvolvendo e chega a um determinado momento em que a disponibilidade de oxigénio se torna reduzida porque estamos a formar novas células que precisam de oxigénio para sobreviver".
"As células do cancro, na ausência de oxigénio, desenvolvem um mecanismo molecular (...) que leva à formação de novos vasos sanguíneos (...) para aumentar o aporte de oxigénio disponível", explicou o especialista, acrescentando: "ao perceber que esse mecanismo de formação de vasos sanguíneos depende ou está diretamente relacionado com a resposta aos níveis de oxigénio disponíveis nos tecidos, permite-nos pensar em estratégias para bloquear essa resposta, no caso concreto das células do cancro, aos níveis baixos de oxigénio".
O prémio Nobel da Medicina foi atribuído hoje aos cientistas William Kaelin, Gregg Semenza e Peter Ratcliffe, que dividirão igualmente o prémio de nove milhões de coroas suecas (832.523 euros).
William Kaelin, nascido em 1957, em Nova Iorque, é especialista em medicina interna e oncologia. O seu compatriota Gregg Semenza, igualmente nascido em Nova Iorque, em 1955, é pediatra e o britânico Peter Ratcliffe nasceu em Lacashirem, em 1954, e é perito em nefrologia.
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