Lúcia Leite falava à agência Lusa no final de uma reunião com o Governo em que, segundo a dirigente sindical, foi “exclusivamente para fazer a assinatura do protocolo” negocial com os representantes dos Ministério da Saúde e das Finanças.

O Governo e os sindicatos de enfermeiros voltaram a reunir-se na quinta-feira, tendo as primeiras reuniões ocorrido com a Federação dos Sindicatos de Enfermeiros (FENSE) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), para tentar chegar a um acordo sobre reivindicações da classe que já levaram a greves que resultaram numa requisição civil.

No final da reunião com o Governo, na quinta-feira, o presidente da Sindepor, Carlos Ramalho, anunciou a realização em abril de uma “greve geral, prolongada e muito dura” para que, “de uma vez por todas, se entenda que os enfermeiros querem negociar, mas querem negociações sérias”.

Questionada se a ASPE vai apoiar esta greve, Lúcia Leite afirmou que, nesta fase, “não faz sentido” tomar este tipo de decisão.

“Primeiro, porque o diploma de carreira está em audição pública e, portanto, não há negociação possível de um documento em que está a decorrer o prazo audição pública”, e segundo, “neste momento iniciámos um protocolo negocial que nos permite negociar várias matérias do acordo coletivo de trabalho, algumas que já estão fixadas e outras que eventualmente poderemos trabalhar”, justificou.

Na sua página no Facebook, a APSE afirma que foi informada pela Mesa Negocial que "o Sindepor exigiu uma negociação em separado", uma decisão que diz respeitar, mas que não gosta de "conhecer desta forma”.

Para a ASPE, sublinha, “o importante é resolver os problemas dos enfermeiros respeitando os nossos princípios de transparência e independência”.

A associação sindical adianta que a próxima reunião foi agendada para o próximo dia 21, tendo a mesa negocial ficado de enviar propostas já no início da semana.

Em janeiro e fevereiro enfermeiros fizeram uma greve às cirurgias em blocos operatórios de hospitais públicos, tendo obrigado ao adiamento de milhares de operações.

O Governo decretou a 07 de fevereiro uma requisição civil e pediu um parecer à Procuradoria-Geral da República, que considerou a greve ilegal. A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros suspendeu-a, mas o Sindepor manteve-a, tendo o seu presidente estado em greve de fome durante dois dias.

A greve, a segunda no mesmo modelo e financiada por uma recolha de fundos numa plataforma ‘online’, arrancou depois de os dois sindicatos de enfermeiros terem terminado as reuniões negociais com o Governo sem consenso, sobretudo na questão do descongelamento das progressões da carreira, no aumento do salário base e respetivas progressões e na antecipação da idade da reforma.