"As mulheres nos abordaram, como figuras de autoridade, e nos disseram que estão a ser esterilizadas sem o seu consentimento", declarou à AFP a deputada, segundo quem a denúncia foi feita a uma delegação de deputados da qual ela fazia parte, durante uma visita à comunidade indígena de Charco La Pava, área montanhosa de difícil acesso localizada na província de Bocas del Toro, noroeste do Panamá.
A delegação, composta por membros da Comissão da Mulher, da Criança, da Juventude e da Família da Assembleia Nacional, foi ao local para investigar uma queixa sobre um possível surto de uma doença parasitária em crianças.
Na comunidade, habitada por indígenas Ngäbe-Buglé, várias mulheres denunciaram as esterilizações. As indígenas afirmam que as que deram à luz no hospital onde acontecem as supostas esterilizações "perderam a capacidade reprodutiva". No entanto, aquelas que deram à luz nas suas comunidades, sob procedimentos ancestrais, "conseguiram continuar a reproduzir-se", disse Chandler.
"Falaram-nos que 12 mulheres teriam observado que foram esterilizadas sem consentimento", indicou a deputada, acrescentando que, para esse caso, a comissão legislativa da Assembleia panamenha decidiu abrir uma investigação que pode ser entregue ao Ministério Público. Além disso, solicitou a colaboração do Ministério da Saúde para esclarecimento dos fatos.
"Não estamos a desconsiderar os depoimentos das mulheres das populações originais, mas em função do devido processo parece-nos correto ouvir ambas as partes para descobrir o que está a acontecer", explicou Chandler.
Em 2021, esta mesma comissão legislativa denunciou os abusos e violações em abrigos de mais de uma dezena de crianças pobres, o que levou à abertura de vários processos judiciais.
O Defensor do Povo do Panamá, Eduardo Leblanc, informou no Twitter que pedirá detalhes sobre "as mulheres supostamente afetadas".
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