Em causa está a anunciada reorganização da prestação dos cuidados de saúde do concelho de Ovar e a referenciação dos respetivos utentes para a nova unidade local de saúde (ULS) a criar na sede do distrito, em Aveiro, o que implicará percorrer distâncias entre os 20 e os 30 quilómetros, quando população e partidos políticos preferem ficar associados à futura ULS de Santa Maria da Feira, que dista do território vareiro apenas cerca de cinco a 15 quilómetros.
O tema começou a ser discutido localmente no início de dezembro e motivou entretanto um abaixo-assinado no site “Petição Pública”, que, embora sem identificar os promotores da iniciativa, contava esta manhã com 1.233 subscritores favoráveis à “rejeição da inclusão do Município de Ovar na futura ULS da Região de Aveiro”.
Entre os argumentos para a afetação a Aveiro incluem-se os seguintes: “Não queremos ficar a uma hora (ou mais) da prestação de cuidados de saúde, sejam urgentes, emergentes ou programados” e “Vamos corrigir os erros do passado em matéria de cuidados de saúde em Ovar e não agravá-los ainda mais”.
De acordo com o texto da petição, caso se venha a concretizar a mudança para Aveiro, essa “alteração profunda na organização da prestação dos cuidados de saúde aos munícipes de Ovar resultará na referenciação dos utentes, num primeiro nível, para o Centro Hospital do Baixo Vouga, nomeadamente para o Hospital Infante D. Pedro”, em valências como “serviço de Urgência, consultas externas, exames complementares de diagnóstico, etc.”
O documento realça ainda que, “num segundo nível, a referenciação poderá ser efetuada para o Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra”, a 90 quilómetros.
Os subscritores da petição expressam assim o seu desagrado quando aos efeitos negativos da anunciada modificação organizativa, que resultará para os munícipes de Ovar “em enormes desvantagens, transtornos e riscos, nomeadamente em maiores distâncias a percorrer, em tempos de viagem muito mais longos, em custos muito mais elevados e, sobretudo, em riscos acrescidos quando necessitarem de aceder a cuidados de saúde urgentes”.
Em conclusão, o abaixo-assinado apresenta duas exigências: em primeiro lugar, que “os munícipes do concelho de Ovar continuem a ter como referência, para todas as valências, o Hospital São Sebastião, em Santa Maria da Feira, e o Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga [que integra essa unidade e também as de Oliveira de Azeméis e São João da Madeira]”; e, em segundo, que se proceda a “uma nova deliberação da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, no sentido de os representantes das unidades de saúde de Ovar serem integrados no grupo de trabalho com a missão de elaborar o plano de negócios da futura ULS do Entre Douro e Vouga, com vista à integração nessa”.
São essas preocupações que também motivam, no próximo dia 20 de janeiro, a “Marcha pela Defesa do Direito a Serviços de Saúde de Proximidade” em Ovar, com início no quartel dos Bombeiros Voluntários dessa cidade e término no Palácio da Justiça.
A iniciativa é promovida pelo movimento comunitário Acorda Saúde Ovar, que, na convocatória aos participantes, a justifica com o facto de o Serviço Nacional de Saúde estar a propor “a integração dos Cuidados de Saúde Primários de Ovar e do Hospital Francisco Zagalo na futura ULS da Região de Aveiro” e alerta que “há “consultas já a sucederem no Hospital de Aveiro, perante a passividade da classe política” local.
Os organizadores da marcha insistem que “a referenciação hospitalar dos munícipes de Ovar deve ser a norte” e também querem que os serviços de saúde vareiros estejam representados “no estudo que decorre para a criação da ULS de Entre Douro e Vouga”.
Comentários