18 de junho de 2013 - 10h18
O Movimento de Utentes da Saúde acusou hoje o Governo de não acautelar a situação dos utentes durante a crise, reagindo ao relatório do Observatório dos Sistemas de Saúde que refere um aumento dos suicídios e depressões.
Para o porta-voz do Movimento de Utentes de Saúde (MUS), Manuel Villas-Boas, o relatório que refere que a crise provocou um aumento dos suicídios e das depressões e levou a que muitos portugueses [inclusive um terço dos idosos] não tenham dinheiro para comprar medicamentos, óculos ou aparelhos auditivos é “uma constatação da realidade”,
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde acusa o Ministério de ainda não ter feito um diagnóstico oficial aos efeitos da crise na saúde dos portugueses, num relatório que elogia a capacidade do ministro da Saúde, Paulo Macedo, “gerir os recursos disponíveis” de forma a pagar cerca de metade da dívida acumulada do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Chegámos à conclusão que este ministro da Saúde, em vez de procurar resolver os problemas dos utentes, conseguiu arranjar ainda mais problemas. Dá-nos a sensação que não temos um ministro da Saúde mas um pau-mandado do ministro das Finanças”, frisou.
No Relatório Primavera 2013, que será hoje apresentado em Lisboa, o Observatório procura “mostrar a situação que se vive neste momento de grave crise”, analisando, entre outros dados, as medidas que foram introduzidas com o Orçamento de Estado para 2012, nomeadamente ao nível dos impostos e da Segurança Social, que resultaram na “redução do poder de compra”.
Intitulado “Duas faces da saúde”, o documento apresenta os dois mundos que os autores afirmam existir: O “oficial, dos poderes”, em que “as coisas vão mais ou menos bem, previsivelmente melhorando a curto prazo, malgrado os cortes orçamentais superiores ao exigido pela ‘troika’ e a ausência de estratégia de resposta às consequências da crise na saúde da população” e o “da experiência real das pessoas”.
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde denuncia também a ausência de melhoramentos nos cuidados de saúde primários, apesar de estarem previstos no orçamento para 2012, e critica a escassa oferta de apoios a doentes em fase terminal.
“Desde o início da crise que nós sempre dissemos que havia necessidade de uma gestão mais criteriosa, isto para eliminar custos incomportáveis e que seriam perfeitamente passiveis de ser eliminados”, disse o representante dos utentes.
No entanto, Manuel Villas-Boas defende que, numa altura de crise, o Governo deveria olhar para os utentes, especialmente os idosos, de uma outra forma.
“Deveria ter existido uma gestão criteriosa a favor dos utentes, o que não acontece”, concluiu.
Lusa