“A infeção por Covid-19 está longe de estar resolvida e os nossos doentes transplantados renais são particularmente vulneráveis. O que verificámos, nos últimos oito meses, é que a mortalidade neste grupo é muito elevada face à população em geral e, ao contrário do que se afirmava, esta variante não é menos perigosa para eles”, alerta La Salete Martins, responsável pela Unidade de Transplantação Renal do Centro Hospitalar e Universitário do Porto (CHUP) e pela organização do 1º Simpósio de Nefrologia e Transplantação do CHUP, que teve como tema principal ‘Doença Renal e Covid-19: enfrentando os desafios para a proteção dos vulneráveis’.
As declarações resumem o que a especialista diz serem as conclusões do evento, que reuniu vários especialistas e onde se confirmou que os transplantados renais continuam a ser muito vulneráveis à Covid-19, sobretudo porque a vacina destinada a protegê-los não é suficiente para o fazer.
“Precisamos de todas as ferramentas existentes para proteger estes doentes. Estamos a falar de doentes que têm uma jornada longa ao nível da doença renal, nos quais o Serviço Nacional de Saúde já investiu muito em diálise e tratamentos, ou mesmo num transplante, e perante este investimento tão grande, tem de acautelar o que pretendia: pessoas mais saudáveis e capazes”, refere a especialista.
“Acima de tudo, estamos a falar de vidas, de pessoas que têm o direito de ter à sua disposição as terapêuticas que se julguem adequadas e eficazes ao seu tratamento e não têm”, acrescenta.
Além da vacina, a especialista fala na existência de medicamentos capazes não só de tratar a infeção causada pela Covid-19, mas também de agir ao nível da sua prevenção nestas populações mais vulneráveis, como é o caso dos anticorpos monoclonais, já aprovados pela EMA e que já estão disponíveis em vários países europeus.
Em Portugal, “existe uma norma que regula o uso de medicamentos apenas para o tratamento e não para a prevenção da infeção por Covid-19, que até já foi revista pelos especialistas, segundo informação que obtivemos, mas que continua na gaveta. Enquanto essa norma não sair é preciso fazer uma série de pedidos, ver as situações caso a caso, um conjunto de burocracias que custa vidas.”
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