O biólogo sul-africano, pioneiro na área da biologia molecular, foi galardoado com o Prémio Nobel em 2002, juntamente com o britânico John Sulston e com o norte-americano H. Robert Horvitz, em reconhecimento pelas suas descobertas no campo da "regulação genética do desenvolvimento de órgãos e da morte programada de células”.

De 1998 a 2012, Sydney Brenner foi presidente do conselho científico do Instituto Gulbenkian da Ciência (IGC), dedicado à investigação biológica e biomédica. Até 2015, desempenhou funções na presidência do Comité de Gestão do IGC.

Segundo a Fundação Calouste Gulbenkian, Sydney Brenner “teve um papel fundamental no desenvolvimento da instituição e na internacionalização da ciência portuguesa”.

Condecorado em Portugal

Por esse motivo, em 2009, foi distinguido pelo ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, condecoração destinada à ciência e cultura.

Cavaco
Cavaco Foto de arquivo da condecoração de Sydney Brenner com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pelo na altura Presidente da Republica Cavaco Silva créditos: Arquivo Lusa

A diretora do Instituto Gulbenkian da Ciência, Mónica Bettencourt Dias, citada no comunicado, descreve Sydney como “um cientista brilhante” que “continuava a impressionar” quem o ouvia.

Mónica Bettencourt Dias acrescenta que foi “uma sorte imensa tê-lo como pilar essencial de apoio ao desenvolvimento e consolidação do IGC”, louvando Sydney Brenner pelo seu apoio à direção, estudantes e investigadores do instituto.

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Em 2003, o investigador foi distinguido com o grau Doutores Honoris Causa pela Universidade do Porto.

Quem era Sydney Brenner?

Filho de emigrantes judeus da Europa de Leste, Sydney Brenner nasceu na cidade de Germiston, na África do Sul, a 13 de janeiro de 1927. Em 1947 licenciou-se em Medicina e Ciências pela Universidade de Witwatersrand, em Johannesburg, e em 1952 viajou para Reino Unido, onde se doutorou no Laboratório de Física Química da Universidade de Oxford.

Em 1956 ingressou na Unidade do Medical Research Council do Cavendish Laboratory (Cambridge, Reino Unido), onde veio a dirigir os laboratórios de Biologia Molecular e de Genética Molecular. Em 1992, apesar de atingir a idade de reforma, continuou a trabalhar, designadamente como diretor do Instituto de Ciências Moleculares, em Berkeley, na Califórnia, que ele próprio instituiu em 1995, com o apoio da Philip Morris Company, e do qual se retirou em 2000.

Retrato de Sydney Brenner créditos: EPA PHOTO MOLECULAR SCIENCES INSTITUTE

No início da carreira trabalhou sobre genética molecular de bactérias e bacteriófagos. Com Jacob e Meselson descobriu o RNA mensageiro, que lhe valeu o Lasker Award, em 1971. Em parceira com Francis Crick, demonstrou que o código genético é composto por tripletos.

Na década de 60 começou a trabalhar no C. elegans (Caenorhabditis elegans), determinando este animal vermiforme como uma ferramenta indispensável à análise de processos biológicos complexos. Ao estudar os vertebrados, identificou o peixe Fugu como um modelo relevante para a análise genómica. Com este trabalho foi novamente premiado (Lasker Award).

Em 2001 foi nomeado Distinguished Professor pelo Salk Institute for Biological Studies, em La Jolla, Califórnia, e em 2002, juntamente com H. Robert Horvitz e John E. Sulston, obteve o Prémio Nobel em Fisiologia ou Medicina, pelas descobertas relacionadas com “a regulação genética do desenvolvimento dos órgãos e pela morte celular programada”.

Pioneiro da genética e da biologia molecular, é autor de centenas de publicações, presidente-fundador do Okinawa Institute of Science and Technology Promotion Corporation (OIST P.C.), no Japão, e senior distinguished fellow do Crick-Jacobs Center for Theoretical and Computational Biology do Salk Institute, nos E.U.A.