"Os doentes crónicos estão ávidos de soluções e de novas tecnologias que os capacitem a desempenhar um papel mais importante nas suas decisões individuais de tratamento. Estas tecnologias oferecem a possibilidade de uma melhor qualidade de vida, introduzindo novas formas de incorporar os cuidados no seu quotidiano", adiantou à Lusa a diretora de usabilidade e neuroergonomia da Neuroverse.
A especialista, que participa na quinta-feira numa conferência sobre saúde e tecnologia promovida pela NOVA Medical School, apontou o exemplo do projeto desenvolvido pela Neuroverse direcionado para pessoas que sofrem de enxaqueca, as quais "são três vezes mais propensas a sofrer de transtornos de ansiedade generalizada".
A aplicação desenvolvida recorre a dados cerebrais eletroencefalográficos que os pacientes registaram em casa com um dispositivo "capaz de detetar alterações na atividade cerebral associada à enxaqueca 24 horas antes do início dos sintomas", explicou Zinni Gil da Costa.
"Os pacientes com enxaqueca estão à procura de soluções para reduzir o número de dias de enxaqueca e a gravidade das crises, para os ajudar a gerir a ansiedade em torno da incerteza de cada crise súbita e imprevisível", adiantou a especialista da área dos fatores humanos e da neurociência, que se manifestou convicta que mais tecnologias 'wearable' ou domésticas para a gestão de outras doenças crónicas deverão surgir num futuro próximo.
Esta área da saúde digital dos dispositivos de uso doméstico "cresceu exponencialmente" durante a pandemia da covid-19, referiu ainda Marla Zinni Gil da Costa, apontando o caso do recurso ao eletrocardiograma portátil (ECG) para a deteção de fibrilação atrial.
"A partilha de dados entre o doente e o médico traduz-se numa resposta melhorada e coordenada dos cuidados, com resultados tangíveis para os doentes e em planos mais claros para os cuidados de acompanhamento", salientou ainda a investigadora.
Apesar desta evolução tecnológica, o fator humano em saúde desempenhado pelos médicos será sempre "crucial" no diagnósticos e tratamento, assegurou.
"Há um equilíbrio de fatores que influencia cada plano de tratamento com a discussão entre o médico e o paciente e entre equipas de diferentes especialistas médicos em alguns casos, para chegar a um plano adequado de cuidados para os doentes", explicou a investigadora, para quem o cada vez maior "emparelhamento" entre médicos e tecnologia permitirá reduzir erros e obter melhores resultados.
"Acredito que veremos um aumento das capacidades dos médicos e do emparelhamento dos médicos com tecnologias que lhes permita ser mais eficazes", referiu ainda Marla Zinni Gil da Costa, ao salientar que estes "são tempos emocionantes na criação de tecnologias de saúde".
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