Na terça-feira, Pazuello já havia nomeado outros nove militares para ocupar cargos na pasta, após ter assumido interinamente o Ministério da Saúde no passado fim de semana.

Na edição de hoje do Diário Oficial da União, o ministro interino nomeou o coronel Alexandre Martinelli Cerqueria, o major Celso Fernandes Júnior, o capitão Paulo César Ferreira Júnior e a primeiro-tenente médica Laura Tiriba Appi.

Após o oncologista Nelson Teich ter pedido demissão na sexta-feira do cargo de ministro da Saúde, o Governo liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro anunciou, no sábado, que seria o secretário executivo da pasta, general Eduardo Pazuello, a assumir interinamente o comando da tutela.

General do Exército, Pazuello foi nomeado para o segundo cargo mais alto daquela hierarquia ministerial no passado dia 22, após Teich assumir o ministério, em substituição de Luiz Henrique Mandetta, exonerado após ter discordado publicamente de Bolsonaro na condução das medidas de combate ao novo coronavírus.

Especialista em logística, o agora ministro interino foi coordenador logístico das tropas do Exército durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos no país sul-americano (2016), além de ter coordenado as ações da Operação Acolhida, que presta assistência aos migrantes venezuelanos que chegam ao estado brasileiro de Roraima após fugirem da crise política e económica no país vizinho.

Pazuello é o nono ministro de origem militar no Governo de Jair Bolsonaro, segundo a imprensa local.

Questionado hoje de manhã se já escolheu o seu novo ministro da Saúde, Jair Bolsonaro afirmou que Eduardo Pazuello "vai ficar por muito tempo" no cargo.

"Ele [Pazuello] vai ficar por muito tempo (...). Não vou mudar não. Ele é um bom gestor e vai ter uma equipa boa de médicos com ele", declarou o chefe de Estado, citado pela imprensa.

O desgaste de Nelson Teich em menos de um mês no Governo ficou evidente quando foi informado por jornalistas sobre um aumento na lista de atividades essenciais, decretado por Jair Bolsonaro, que incluiu barbeiros, cabeleireiros e ginásios desportivos entre atividades que poderiam funcionar durante o isolamento social decretado por prefeitos e governadores em todo o país.

O agora ex-ministro também divergia de Jair Bolsonaro sobre a indicação do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes com COVID-19.

Após a demissão de Teich, o Ministério da Saúde brasileiro divulgou um protocolo que autoriza a administração de cloroquina até para o tratamento de casos ligeiros de COVID-19 no sistema público de saúde.

Até agora, o protocolo apenas previa o uso de cloroquina - medicamento usado para tratar doenças como artrite, lúpus e malária e cujos efeitos em pacientes vítimas da COVID-19 estão ainda a ser estudados em diversos países, incluindo no Brasil - em casos graves de infeção pelo novo coronavírus.

Apesar de o Ministério da Saúde indicar que teve em conta "diversos estudos e a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crónicas no âmbito do Sistema Único de Saúde", não há evidências científicas sobre a eficácia deste medicamento no tratamento da COVID-19.

A mudança no protocolo era um desejo do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, defensor do uso desse fármaco, e de derivados, no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus, independentemente da gravidade do estado clínico dos pacientes.

O Brasil totaliza 17.971 óbitos e 271.628 pessoas diagnosticadas com COVID-19 desde o início da pandemia no país, informou o executivo na terça-feira.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 323 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.