"Acho que, independentemente do enorme respeito que todos temos pelo direito ao protesto, pelo direito à greve, há também a necessidade de todos percebermos que os caminhos negociais são caminhos de aproximação mútuos e a persistência em posições extremadas é de facto algo que, em última instância, prejudica os utilizadores dos serviços públicos", disse Marta Temido em Rossio ao Sul do Tejo, em Abrantes, (Santarém) onde inaugurou com o Primeiro-Ministro, António Costa, a nova Unidade de Saúde Familiar (USF) Beira Tejo.

Os enfermeiros vão estar em greve total entre os dias 02 e 30 de abril, em Portugal continental, nos Açores e na Madeira, segundo o pré-aviso hoje divulgado pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor). De acordo com o pré-aviso, a greve dos enfermeiros arranca às 08:00 do dia 02 de abril e terminará às 24:00 do dia 30.

"Tudo faremos, dentro das nossas limitações, para responder aquilo que são as expectativas da profissão de enfermagem, que muito respeitamos, mas sempre com a nota de que, em última instância, temos um sistema complexo para gerir e que não se pode desequilibrar a favor da satisfação de uma reivindicação única ou da reivindicação de um grupo profissional único", vincou a ministra reiterando que encara o pré-aviso de greve com "grande preocupação".

Marta Temido deu ainda conta dos acordos alcançados e das questões que separam as posições do governo e dos enfermeiros, tendo lembrado que até 28 de março "decorre ainda o processo de auscultação pública" relativamente à publicação da nova carreira de enfermagem.

"O caminho feito pelo Governo foram as três categorias", disse, tendo especificado com o "reconhecimento da categoria de especialista, o reconhecimento da categoria de enfermeiro gestor e a adaptação dos conteúdos funcionais", e dando conta que a divergência se situa no nível de entrada na carreira de enfermagem.

"Aquilo que não conseguimos satisfazer foi a pretensão de que o nível de entrada na carreira de enfermagem fosse o 23, ou seja, qualquer coisa como 1.600 euros, e também não é a sede própria para discutir as condições específicas das aposentações", concluiu.

A greve agendada para entre 02 e 30 de abril decorre sob a forma de paralisação total do trabalho, "abrangendo todos os turnos que comportam as 24 horas dos dias anunciados de forma ininterrupta", pode ler-se no pré-aviso publicado na imprensa e que refere que será assegurada a prestação "dos serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação de 'necessidades sociais impreteríveis'".

O Sindepor, na justificação dos motivos da greve, exige a continuidade das rondas negociais respeitantes ao diploma legal da carreira especial de enfermagem, a revisão/restruturação da carreira, que o diploma legal seja aplicado a todas as instituições do setor público e "a todos os enfermeiros que nelas exercem, independentemente da tipologia do contrato", entre outros pontos.