Desesperada pelo isolamento e pela doença, que ameaça tornar-se maligna, a família não consegue encontrar uma solução.
A escassez de recursos económicos impede esta família iraquiana de tentar uma cirurgia, que teria de ser feita longe da aldeia de Wahed Haziran, na província agrícola de Diwaniya, a 200 quilómetros a sul de Bagdade.
Os pais de Haura vestem-na diariamente com roupas de manga comprida e gola alta, mas não conseguem esconder a patologia: chama-se hipertricose ou doença do lobisomem.
Os poucos centímetros de pele visíveis no pescoço deixam à mostra a mancha negra que provoca as humilhações e a rejeição dos demais.
"Daqui a dois anos deverá ir para a escola, tememos muito esse momento", admite a progenitora, Alia Jalif, à agência de notícias France Presse.
"Como é que as outras crianças se vão comportar com ela? Não podemos garantir que ficará confortável numa escola", lamenta a iraquiana, coberta com o tradicional véu negro.
Haura nasceu com um nevo, ou sinal, gigante, uma marca coberta de pêlos que se estende pelos seus ombros, torso e costas.
O sinal poderá tornar-se um melanoma ou cancro de pele, "que pode ser fatal", admite o médico dermatologista Aqil al-Jaldi.
O tratamento mais eficaz seria um transplante de pele, sessões de laser e acompanhamento psicológico, garante este especialista.
Porém, tal é praticamente impossível de se conseguir no Iraque, onde o setor médico foi afetado por uma década de embargo comercial e anos de violência e corrupção.
Todos os médicos que a família visitou sugerem a procura de tratamento num centro especializado no estrangeiro. "Mas não podemos pagar a viagem, nem os custos médicos. O que temos dá apenas para viver e mandar os seus quatro irmãos e irmãs à escola", explica Alia Jalif.
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