“Achamos que começa a chegar a um limite insustentável”, afirmou em conferência de imprensa Fernando Salvador, presidente do Conselho Sub-regional de Vila Real da Ordem dos Médicos.

O conselho de administração do CHTMAD, com sede social em Vila Real e que agrega os hospitais de Chaves e Lamego, terminou o mandato já em dezembro de 2021 e, no início deste ano, a presidente do órgão, Rita Castanheira, pediu a renúncia do cargo que ocupava desde julho de 2019.

Desde agosto de 2022 que o CHTMAD está também sem direção clínica.

A Ordem dos Médicos mostrou-se hoje “muito preocupada” com o arrastar da situação e disse esperar “por uma resolução muito breve” pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e Ministério da Saúde.

Contactado pela agência Lusa, o Ministério da Saúde disse que o “processo de nomeação dos órgãos de gestão do CHTMAD está em curso e segues os trâmites previstos na legislação aplicável”. “A constituição dos órgãos será comunicada logo que a nomeação ocorra”, informou ainda.

Fernando Salvador disse não entender o motivo “desta demora” em nomear novos órgãos de gestão.

“Esperamos que não seja a localização interior do CHTMAD e a sua distância dos grandes centros decisórios que esteja a dificultar esta mesma nomeação. E esperamos que algumas disputas políticas ou alguns problemas políticos também não contribuam para esta ausência de decisão, porque todos estes cargos devem ser pelas competências clínicas, científicas e pelo trabalho desempenhado”, frisou.

Na sua opinião, nesta área “tão sensível como é a saúde, as questões políticas têm de estar arredadas e não podem ser motivo de decisão”.

Nos últimos dias falou-se que já estaria escolhido um novo conselho de administração, uma situação que não se veio a verificar.

Neste momento, o conselho de administração mantém-se em funções com três elementos, em vez de cinco.

“Atendendo à renúncia da presidente do conselho de administração estamos a alguns dias de, se calhar, um conselho de administração que se quer de cinco pessoas ficar reduzido a dois elementos, o que consideramos que, para a gestão de um dos maiores centros hospitalares do SNS, se torne muito problemático”, afirmou.

Mas, para a Ordem dos Médicos, a ausência de direção clínica e de uma liderança médica pode também, "obviamente, dificultar a implementação de alguns projetos no centro hospitalar, da regulamentação do trabalho médico, da regulamentação da atividade assistencial e atividade clínica aos doentes”.

“Porque o diretor clínico tem competências que lhe são exclusivas (…) e que não podem ser desempenhadas por outro elemento do conselho de administração. E estamos, neste momento, no meio de um procedimento concursal em que é necessário fixar médicos, nomeadamente nos hospitais do interior e a ausência de projetos, a ausência de liderança médica pode contribuir para uma menor fixação [de médicos]”, afirmou Fernando Salvador.

O responsável considerou ainda que a ausência de uma direção clínica tem contribuído para a saída de médicos para outras unidades hospitalares.

“Têm saído profissionais de diferentes serviços do hospital, desde o serviço de pneumologia, de cirurgia, de medicina interna, endocrinologia, psiquiatria, hematologia, muito para hospitais do litoral”, sustentou.

Frisou que até ao momento não se tem verificado “prejuízo para os doentes, fruto, sem dúvida alguma, de muito trabalho que vai sendo desempenhado pelas chefias intermédias”, no entanto, considerou que “este impasse, a manter-se, condicionará a assistência devida à população de Trás-os-Montes”.