28 de fevereiro de 2013 - 16h38
Mais de metade dos doentes com diabetes rastreados num estudo realizado pelo Hospital do Barlavento sofrem de uma patologia do sono que ainda não tinha sido diagnosticada, disse hoje à Lusa o diretor do serviço de Pneumologia da unidade.
O rastreio, que abrangeu 217 doentes com Diabetes Mellitus Tipo 2 (ou seja, que não são insulinodependentes), com idades entre os 30 e 70 anos, permitiu concluir que, destes, 55% sofrem também de Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS).
Segundo explicou João Munhá Fernandes à Lusa, o facto de os doentes terem esta perturbação do sono dificulta o controlo da diabetes com a terapêutica convencional.
Esta patologia do sono, caracterizada pela interrupção cíclica da respiração, geralmente acompanhada de ressonar sonoro, pode provocar perturbações cardiovasculares e respiratórias e também sonolência durante o dia, o que afeta a tensão arterial e a memória.
“Se isto se associar a outra doença faz com que haja muito maior dificuldade em controlar essa doença”, referiu o clínico, acrescentando que o controlo dessa perturbação do sono vai facilitar o controlo de patologias crónicas como a diabetes.
Dos 217 doentes rastreados – que, na sua maioria, desconheciam o problema -, cerca de 10 por cento (27) apresentavam a patologia do sono num estado já considerado grave, tendo 34 doentes sido tratados com Pressão Positiva Contínua.
De acordo com o diretor do serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (CHBA), o tratamento de referência nestes casos é a aplicação de uma máscara quando o doente vai dormir.
“A pessoa adormece, primeiro começa a ressonar e a certa altura o canal fica completamente obstruído e a pessoa tem de despertar novamente para continuar a respirar”, explicou, sublinhando que estas pessoas nunca conseguem ter um sono profundo.
O estudo envolveu o grupo de Diabetologia do Serviço de Medicina e o Serviço de Pneumologia.
Foram utilizados questionários de sonolência, destinados a avaliar o grau de sonolência diurna e realizado um estudo de “screening” com um equipamento que permite identificar perturbações respiratórias durante o sono.
O rastreio foi ampliado aos utentes da Consulta da Diabetes da Unidade Hospitalar de Lagos e será também dirigido aos doentes com Hipertensão Arterial.
Lusa