O estudo, que faz parte do projeto VIDAS – Valorização e Inovação em Demências, da UMP, teve a duração de um ano e envolveu 23 instituições e 1.500 idosos, que foram avaliados por especialistas para determinar o grau e a taxa de demências.
Em declarações à agência Lusa, o psiquiatra Manuel Caldas de Almeida, responsável pelo estudo, explicou que “o projeto pretende, por um lado, saber a realidade da demência nos lares e nas instituições e, por outro lado, poder desenhar algumas estratégias para melhor responder a estas pessoas”.
O estudo veio confirmar que “há uma maioria muito alargada de pessoas nos lares com deterioração cognitiva” e mais de 30% com demência, disse Caldas de Almeida.
“Não só é um número elevado mas também há uma heterogeneidade grande. Ou seja, não podemos dizer que há só pessoas com demência muito avançada ou só com demência ligeira, há de tudo”, comentou.
Além destas situações, há também “um número elevadíssimo de pessoas com fragilidade geriátrica”, referiu o coordenador do estudo, que foi hoje divulgado no seminário da UMP, a decorrer no Centro João Paulo II, em Fátima.
“Mais de 80% das pessoas nos lares são muito velhas - a média etária das 1.500 pessoas é de 82 anos - com múltiplas patologias” e os equipamentos não estão preparados para responder a estas situações.
Caldas de Almeida observou que o perfil das pessoas que reside em lares atualmente é diferente daquele para o qual estes equipamentos foram criados.
“São lares que foram feitos para dar resposta hoteleira, com suporte social, de cama, mesa e roupa lavada”, e neste momento estão “a ser utilizados por outro tipo de pessoas, muito mais dependentes, muito mais doentes e com demência”.
Esta situação obriga os lares a fazerem uma adaptação “a este grave problema de demência e da fragilidade geriátrica”, defendeu.
Esta questão foi contemplada no estudo que envolveu um projeto de avaliação e adaptação da arquitetura e do ambiente ao problema da demência.
A “boa notícia”, disse Caldas de Almeida, é que na maioria dos casos é possível adaptar estes lares para que estes idosos possam ali “viver com qualidade”.
O projeto Vidas também envolveu a formação de 500 profissionais que estão nestas instituições. “Claramente é uma área a apostar porque a competência dos profissionais é algo fundamental na qualidade de vida das pessoas com demência”, frisou.
O responsável explicou que se os lares tiverem profissionais competentes vão “evitar em muito a agitação e a agressividade e os problemas secundários da demência”.
Outra “boa notícia” é que estes 500 profissionais revelaram “uma enorme vontade e capacidade de aprendizagem” para cuidar destes idosos.
Comentando o facto de as pessoas que estão nos lares serem cada vez mais idosas, Caldas de Almeida disse que é “um bom sinal”, porque significa que as pessoas estão a conseguir ficar em casa mais tempo e que os apoios domiciliários estão a funcionar.
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