Em declarações à agência Lusa, o presidente da LBP, António Nunes, avançou que, atualmente, a dívida das várias entidades do Ministério da Saúde aos bombeiros “varia entre os 20 e os 30 milhões de euros”.
“Temos uma contabilidade corrente de que nos temos vindo a queixar, porque há momentos em que a dívida chega aos 30 milhões, depois há um esforço e partes substantivas da dívida são liquidadas, baixa para 20 ou 25 milhões e depois volta a subir”, descreveu.
Saudando os esforços de “alguns hospitais” e a participação em reuniões do secretário de Estado da Saúde, António Nunes notou, no entanto, que o problema é “crónico” e, “mais do que de tesouraria, é organizativo”.
“O problema das associações humanitárias não é tanto a questão da dívida, mas sim a irregularidade com que esta é paga. Não nos permite fazer uma gestão de tesouraria. Muitas vezes, as unidades de saúde ao não terem pessoal administrativo para conferir os documentos de despesa, não conseguem pagar aos bombeiros. Este problema é organizativo”, disse.
António Nunes sublinhou ter conhecimento de que “a conferência dos documentos se arrasta, em alguns casos, mais de um ano”.
Questionado sobre uma situação levada a público na segunda-feira no concelho de Famalicão, no distrito de Braga, que envolveu corporações de bombeiros da região e o Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA), o dirigente da Liga não se quis pronunciar em específico.
Em causa terá estado a demora no transporte de um jovem do hospital de Famalicão para outra unidade e a ausência de resposta das corporações de bombeiros por, alegadamente, o hospital estar em incumprimento.
A situação foi denunciada nas redes sociais e motivou um esclarecimento por parte do hospital, que negou estar em dívida com os bombeiros e garantiu que o transporte foi feito, mas, admitindo constrangimentos, revelou que o concurso para transporte de doentes ficou deserto e está em curso um novo procedimento.
“Isto é insuportável, mas não é igual em todo o país. No Algarve normalmente não há problemas. No Alentejo há em Évora. Depois há no distrito de Vila Real, mas já não há no Grande Porto, mas há na região de Coimbra [hospitais e IPO]. E o pior deles todos é o hospital de Castelo Branco”, enumerou.
À Lusa, António Nunes frisou que dívidas que se atrasam para além de 12 ou 14 meses colocam os corpos de bombeiros envolvidos nessa despesa “em situação aflitiva”.
“O secretário da Saúde sabe disto e ele tem tentado desbloquear algumas decisões. Mas isto depende também de decisões da Assembleia da República. As nossas insistências e apelos resultam, mas não se transformam em rotina. Isto é um problema de organização. Não é um problema de tesouraria”, concluiu.
Comentários