“Estamos em guerra e devemos responder com todas as armas que temos”, afirmou hoje o diretor da ISS, Gianni Rezza, em entrevista ao jornal italiano La Stampa. Segundo o próprio, os sul-coreanos adotaram “uma estratégia eficaz que reduziu o crescimento da curva epidémica”.
“Realizaram testes rápidos, numerosos, mas direcionados, usando o mapa de movimentos de cada pessoa com resultado positivo, obtido graças à geolocalização dos telemóveis. Conseguiram identificar e isolar os sujeitos em risco, criaram aplicações que permitiam aos cidadãos conhecer áreas de maior trânsito de pessoas contagiosas, de maneira a evitá-las”, explicou.
A Coreia do Sul está a realizar uma campanha de triagem em massa. Parentes de todas as pessoas infetadas são sistematicamente procurados, a fim de lhes ser proposto um teste de despistagem.
Para o chefe do instituto italiano de pesquisa, controlo e consulta técnico-científica em saúde pública, existem atualmente em Itália “centenas de milhares de pessoas em quarentena por serem positivas, ou em risco de o serem”.
No entanto, não são capazes de se manter a uma distância segura dos seus entes queridos, porque, em teoria, deveriam dormir num quarto separado, comer sozinhos e ter a sua própria casa de banho.
“É difícil para grande parte dos italianos. Se não levarmos em conta esse problema, interromper a atividade produtiva não vai ser suficiente”, avisou Gianni Reza.
Segundo o mesmo, o exemplo chinês deve ser seguido e isolar os que não podem ficar em quarentena em casa, talvez ao requisitar “hotéis ou quartéis”.
O responsável considera que 10% dos contágios se devem ao contacto com pessoas assintomáticas ou que estão na fase que antecede o aparecimento de sintomas. Daí o interesse em “testar todos aqueles que tiveram contacto com uma pessoa positiva”.
A partir de quarta-feira, a Itália vai interromper a atividade de produção que não seja essencial para o fornecimento de bens essenciais à população.
“É inegável que nas fábricas a distância de segurança é difícil de observar e o contágio pode também ocorrer nos meios de transporte da viagem casa-trabalho”, concluiu, apoiando as medidas tomadas pelo Governo.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 6.077 mortos. Segundo as autoridades italianas, 7.432 dos infetados já estão curados.
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