"Não nos opomos a medidas mais restritivas", afirmou Conte num encontro com a imprensa ao referir-se ao pedido do governador da Lombardia de um "encerramento total", que inclui fábricas, lojas e transportes públicos.

Entre as áreas mais industrializadas e ricas da Itália, a região registou 468 mortes do total nacional de 631, sendo a mais afetada pela epidemia.

"Estamos prontos para introduzir medidas mais restritivas para a Lombardia e para as outras regiões que assim solicitarem", declarou Conte em conferência de imprensa.

Em entrevista ao jornal "Il Corriere della Sera", o presidente da Lombardia, Attilio Fontana, defendeu "medidas ainda mais drásticas" do que as que se encontram em vigor.

"Se a epidemia continuar a propagar-se à velocidade atual, o sistema (de saúde) não vai aguentar", explicou.

Fontana, do partido opositor de extrema direita Liga, pediu em várias ocasiões que se bloqueasse todas as atividades na Lombardia - à exceção de setores cruciais como produção e distribuição de produtos alimentícios e de remédios.

"A única receita é reduzir o contacto entre as pessoas", frisou.

O governador conta com o apoio dos presidentes municipais das principais cidades, que defendem o encerramento total. Este é o mesmo modelo aplicado na China, o qual parece começar a dar resultados.

A região teme um colapso do sistema de saúde e que a capacidade das salas de cuidados intensivos não seja suficiente para enfrentar o número de doentes graves.

"Até ao momento, o número de lugares disponíveis é maior do que as necessidades", afirmou o responsável pelo setor da saúde da Lombardia, Giulio Gallera.

Este negou "de forma categórica" que, diante do fluxo de pacientes, os médicos tenham de escolher quem salvar, como chegou a ser noticiado por um jornal local, com base na entrevista de um morador.

Capital económica da península, Milão era, esta quarta, uma cidade fantasma. Está assim desde domingo, quando as autoridades decidiram isolar a população e impedir qualquer viagem, reuniões e outras formas de assembleia.

Como gesto simbólico, a famosa marca Armani anunciou o encerramento das suas lojas, restaurantes e hotéis na capital.

"A situação está completamente bloqueada. Não há clientes, nem entram nem saem. Muitos colegas já estão em casa sem fazer nada (...) Milão não está vazia, está deserta! Parece uma cidade sob toque de recolher", disse à AFP, Daniele, um taxista de 59 anos, enquanto esperava algum passageiro.

O governo italiano tomou medidas severas, que incluem ao encerramento de escolas e universidades, assim como a proibição de casamentos, batizados e funerais. Até então, não ordenou o encerramento das fábricas.

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