
Como a maioria dos seus compatriotas, os jovens italianos tentam adotar medidas rígidas de precaução e exibem bom humor.
É a primeira vez que uma geração inteira de europeus, que não sofreu com guerras nem passou fome em outros continentes, foi requisitada a fazer um sacrifício tão pessoal e íntimo.
Desde 8 de março, as autoridades ordenaram o isolamento de 60 milhões de italianos, embora o encerramento de escolas e universidades tenha sido estabelecido quatro dias antes, deixando-os sem vida social.
"Não saio nem visito a minha mãe, porque ela tem mais de 70 anos e não quero que ela seja infectada", conta Ludovica, filha única, 30 anos e recém-formada em biologia, no seu pequeno apartamento romano.
As vidas dos jovens foram transformadas. Comunicam-se pela Internet, às vezes riem, em outras comentam as notícias, tomam conhecimento da situação.
Alguns organizam-se para comprar coisas para vizinhos mais velhos, outros passam horas no computador, têm compromissos para diferentes atividades online, ginástica, dança, refeições virtuais, graças a chamadas de vídeo, fazem flash-mobs nas varandas.
A apertada agenda da quarentena
Num vídeo engraçado, um jovem ao telefone consulta a "agenda de quarentena de 2020", cheia de compromissos, rigorosamente virtuais e propõe ao interlocutor: "Marcamos um horário para quando o fim do mundo chegar?".
Se alguns riem, outros ficam angustiados. "Peguei no cão do meu pai, ele é mais velho, para que não tenha de sair três vezes por dia à rua. Morrer de coronavírus é a morte mais horrível, sem nenhum parente próximo e asfixia", diz Luca aterrorizado.
Como muitos jovens, ele sabe que não faz parte do grupo de risco e por isso escolheu fazer algo por aqueles que podem ter uma mais hipótese de apanhar a doença.
Se a princípio os jovens pareciam chateados, acabaram por descobrir uma maneira de preencher o tempo com as tarefas domésticas, cuidando de irmãos pequenos, parentes e, por fim, de si mesmos, desenvolvendo os seus próprios talentos.
Segundo o Laboratorio Adolescenza, uma associação que realiza pesquisas com adolescentes, 86% dos jovens que responderam a um questionário online acreditam que as instruções emitidas pelo governo são justas.
O Twitter está cheio de testemunhos de jovens com a hastag "Eu fico em casa". Muitos deles lutam especialmente pelos pais e pelos avós. "Se acreditas que a vida dos teus avós vale o menos que a tua, não temos mais nada a dizer ao outro", diz Aura no Twitter.
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