O projeto onde se inserem as três equipas portuguesas é a “Plataforma Drug Discovery do Parc Cientific de Barcelona (PDD-PCB)”, dedicado à definição de novas estratégias terapêuticas para a doença de Alzheimer.

A investigação é liderada pelo Instituto de Química Avançada da Catalunha (IQAC – CSIC) e é desenvolvido em colaboração com o Centro de Investigação Cooperativa em Biomateriais (CIC biomaGUNE, sediado em San Sebastián), o Centro de Investigações Biológicas (CIB – CSIC, em Madrid) e o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC, no Porto).

Intitulado “Programa de rastreio racional de compostos estabilizadores da união transtirretina-Aß como potenciais fármacos modulares da doença de Alzheimer”, o projeto tem por objetivo a pesquisa de terapias para a doença de Alzheimer, estudando “a interação entre a proteína transtirretina (TTR) e o peptídeo beta-amiloide a nível computacional e estrutural”, explica o IBMC, em comunicado.

“A TTR é uma proteína extremamente importante para o humano enquanto transportador de determinadas hormonas e de vitamina A, sabendo-se também que desempenha funções no crescimento axonal. Em determinadas circunstâncias ou quando alterada a TTR provoca doenças neurodegenerativas como é o caso da doença-dos-pezinho – a paramiloidose”, refere.

No caso da doença de Alzheimer, uma das investigadoras portuguesas envolvidas no projeto, Isabel Cardoso, esclareceu que “a TTR tem um efeito benéfico, sabe-se que se liga ao peptídeo beta-amiloide impedindo a acumulação deste peptídeo no cérebro, situação responsável pela doença”.

As equipas querem estudar “os mecanismos moleculares responsáveis pela função neuroprotetora da TTR, potenciada por compostos estabilizadores. Também está previsto um programa de rastreio de compostos mais eficazes no tratamento e remissão da doença de Alzheimer”.

A equipa multidisciplinar, que inclui cinco instituições, permitirá trabalhar em todas as fases do desenvolvimento inicial de fármacos, “desde o desenho computacional de compostos que interagem com o complexo de proteínas até aos testes em animais, passando pela química médica, a biologia estrutural e os ensaios bioquímicos e celulares”, esclarece o IBMC.

A campanha de recolha de fundos “Marató 2013” permitiu canalizar 11 milhões de euros para o financiamento de 44 projetos de investigação de doenças neuro-degenerativas.

Ao longo dos próximos três anos, um total de 79 grupos de investigação dedicar-se-ão à criação de novos métodos de prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças neuro-degenerativas, inteiramente financiados pela Marató 2013.

Em Portugal existe desde 2013 uma iniciativa semelhante, “A Maratona da Saúde”, que para a segunda edição -2014- escolheu a Diabetes como tema central.