A Bolsa Emílio Peres, atribuída pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia, vai financiar este projeto, no âmbito do qual será realizado um ensaio clínico que inclua homens e mulheres com idades entre os 40-75 anos, diagnosticados com diabetes de tipo 2.

“Dado que a cerveja é uma bebida fermentada rica em poalifenóis que, em estudos pré-clínicos, melhoraram a sensibilidade à insulina, este projeto pretende avaliar o efeito do consumo moderado de cerveja sem álcool nos níveis de açúcar de indivíduos com diabetes do tipo 2”, esclareceu Conceição Calhau, líder da linha de investigação.

A cerveja é saudável e existem 15 motivos para beber uma
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De acordo com esta especialista na área de Nutrição e Metabolismo do Cintesis e professora na NOVA Medical School, em Lisboa, “com este estudo em humanos, pretende-se obter conclusões mais sólidas sobre a utilidade do consumo de cerveja sem álcool nos diabéticos”.

De acordo com os investigadores, o lúpulo, uma planta utilizada pela indústria cervejeira que confere o gosto amargo à cerveja, é rico em polifenóis, como o xanto-humol, que apresenta diversos benefícios para a saúde. Resultados obtidos em estudos pré-clínicos revelaram que o xanto-humol atenua a hiperglicemia.

“Contudo, a evidência científica sobre os efeitos do consumo de cerveja no metabolismo e na microbiota intestinal é escassa e, na sua maioria, suportada apenas por estudos em modelos animais ou in vitro”, acrescentam.

Eva Lau, endocrinologista e docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que fará as consultas aos diabéticos, salienta que “a alimentação é o fator que mais influencia a composição do microbiota intestinal. Estudos anteriores mostram que modificações nos hábitos alimentares levam a alterações visíveis na composição do microbiota intestinal logo após 24 horas”.

A equipa de investigação inclui ainda André Rosário, Diana Teixeira, Diogo Pestana, Ana Faria e Davide Carvalho. Os doentes serão recrutados no Hospital de São João do Porto e as análises à microbiota serão realizadas na NOVA Medical School, em Lisboa.

Os investigadores do Cintesis e da Universidade Nova de Lisboa estão também a desenvolver um outro estudo sobre os efeitos do consumo moderado da cerveja na saúde, para o qual procuram voluntários.

Neste projeto, o grupo pretende avaliar o efeito do consumo de cerveja na microbiota intestinal (flora intestinal), no perfil metabólico e lipídico em indivíduos saudáveis, sendo liderado pela investigadora e especialista em Nutrição e Metabolismo do Cintesis Conceição Calhau.

Para desenvolver este estudo, a equipa está à procura de 30 voluntários saudáveis, do sexo masculino, entre os 18 e os 65 anos de idade, que estejam dispostos a consumir uma cerveja por dia, com e sem teor alcoólico (5,20%, 0,45% e 0% de álcool), durante quatro semanas.

O Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto, o Cintesis beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto.

No total, o centro agrega mais de 500 investigadores, em 23 grupos de investigação que trabalham em 3 grandes linhas temáticas.