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Combate ao cancro pode ser feito com óxido de grafeno, defendem investigadores de Aveiro
18 de dezembro de 2013 - 11h00
Um estudo desenvolvido na Universidade de Aveiro (UA), hoje divulgado, abre a possibilidade de novas terapias no combate a tumores, mais eficazes e com menores efeitos secundários, com recurso a nanopartículas de óxido de grafeno.
Mercedes Vila, investigadora do Grupo de Investigação em Nanotecnologia do Departamento de Engenharia Mecânica da UA e coordenadora do estudo, defende que o combate ao cancro pode ser feito com óxido de grafeno, como agente de hipertermia.
"Quando reduzido ao tamanho de nanopartículas, que facilmente se acumulam no tecido tumoral após serem injetadas no corpo, o óxido de grafeno, graças à capacidade de absorver luz direcionados externamente, aquece o suficiente para destruir de forma segura e controlada as células cancerígenas deixando intactas as saudáveis", conclui o estudo desenvolvido na Universidade de Aveiro (UA).
O potencial da nova terapia, para além de aumentar a taxa de sucesso das atuais terapias anticancerígenas, em especial no combate a tumores situados em regiões vitais e onde a opção cirúrgica não é viável, pretende controlar a reação do sistema imunitário ao tratamento e reduzir os efeitos secundários nocivos dos métodos tradicionais.
"É possível utilizar o nano óxido de grafeno como nanopartícula (cem mil vezes mais pequena que um milímetro) para provocar a hipertermia (aumento da temperatura) especificamente desenhada para cada tumor e, portanto, a sua destruição", aponta Mercedes Vila.
O estudo, segundo Mercedes Vila, "demonstra como a aplicação de nano óxido de grafeno, em células tumorais de osso, é eficiente e que o tipo de morte celular pode se controlada em função dos parâmetros de irradiação de luz sobre as nanopartículas, para produzir destruição dos tumores de forma mais ou menos agressiva".
Mais barato
Descoberto em 1962, o grafeno é o material mais fino conhecido no Universo, tem a maior resistência mecânica já medida e conduz eletricidade e calor melhor do que qualquer outra substância, e o óxido de grafeno, um dos seus derivados, abre novas perspetivas à medicina oncológica.
"A terapia oncológica através de hipertermia mediada por nanopartículas de óxido de grafeno tem a vantagem de ser muito barata, pois este material pode ser produzido facilmente em larga escala", salienta Mercedes Vila, explicando que, "devido à sua estrutura aromática bidimensional, quando comparado com outras nanopartículas, tem igualmente duas outras grandes características que jogam a seu favor: a de se acumular mais facilmente nos tecidos tumorais e a de interagir com fármacos ou com moléculas bioativas muito mais eficientemente".
A hipertermia do grafeno é produzida mediante uma radiação laser específica que "não tem efeito nenhum nos tecidos ou células que não tiveram as nanopartículas de óxido de grafeno internalizadas".
O estudo coordenado por Mercedes Vila desvendou os efeitos do óxido de grafeno a nível celular, a forma de reduzir os riscos de toxicidade e acumulação e como controlar a terapia e o dano celular, para estimular a resposta do sistema imunitário ao tratamento.
"Todos estes estudos específicos demonstraram que os nano grafenos são candidatos potenciais para os estudos clínicos", conclui a cientista da Universidade de Aveiro.
SAPO Saúde com Lusa
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