“Perante um excesso de mortalidade não atribuível a uma causa específica, a investigação das razões tem de ser feita em períodos longos, não em períodos pontuais, e deve ser feita entre cinco a 10 anos exatamente para excluir que esse aumento possa ser um fenómeno pontual”, afirmou Lacerda Sales numa audição parlamentar sobre o tema requerida pelo Chega.

Segundo disse, em 2020 a Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou um período de excesso de mortalidade entre 24 de agosto e 20 de setembro não diretamente atribuível ao calor ou à pandemia.

Além deste período em que não foram apuradas as causas, o excesso de mortalidade identificado está associado às ondas pandémicas de covid-19, à epidemia de gripe e a períodos de calor extremo, referiu Lacerda Sales.

De acordo com secretário de Estado, em 2020, ano em que se registaram 123.720 óbitos em Portugal, os picos de excesso de mortalidade ocorreram entre a primeira e a sexta semana devido à gripe, nas semanas 12 a 17 devido à covid-19, na semana 22 associado a uma onda de calor, nas semanas 28 a 32 também devido a temperaturas elevadas e nas semanas 40 a 53 devido à pandemia.

Perante os deputados da Comissão de Saúde, Lacerda Sales salientou ainda que as causas que estão associadas a períodos de excesso de mortalidade em Portugal estão “muito bem identificadas”, recordando que 2020 foi o primeiro ano da pandemia, um “período absolutamente excecional” que não deve ser relativizado.

Segundo disse, é necessário ter ainda em conta que a infeção por covid-19 tem um “efeito nocivo em condições médicas pré-existentes”, nomeadamente, nos casos de doenças cardiovasculares, renais, do sistema circulatório e crónicas.

“Existe um potencial risco de morte por estas doenças que podem ser amplificadas por descompensações em períodos de temperaturas elevadas”, como acontece no verão nos idosos, referiu.

Pedro Frazão, deputado do Chega, salientou que, em 2020, “existiu um excesso bastante significativo de mortalidade”, que se refletiu em mais 14% de mortes em relação à média dos seis anos anteriores, sendo a covid-19 apenas a quarta causa de morte mais frequente.

“Impera assim uma explicação fundamentada para este aumento de mortes”, defendeu o parlamentar do Chega, que desafiou o Governo a explicar o aumento da mortalidade e a não fazer “anúncios de recuperações futuras, porque quem morreu está irrecuperável”.