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Especialista defende que "é possível comer bem por pouco dinheiro"
16 de maio de 2013 - 09h52
Algumas entidades de solidariedade social, como o Banco Alimentar contra a Fome, recebem a ajuda de nutricionistas para tentar fornecer uma alimentação mais equilibrada, uma questão importante porque há cada vez mais pessoas carenciadas, revelou hoje um especialista.
"Há uma linha vermelha abaixo da qual as pessoas vão ter carências e está a ser atravessada todos os dias por mais gente porque sabemos que o banco alimentar, as misericórdias, acodem cada vez a mais gente", disse à agência Lusa Nuno Borges, da direção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas.
"É [uma situação] muito preocupante, como se mantém o nível mínimo de decência social para essas pessoas", realçou.
Essas instituições "devem procurar e procuram [ajuda] porque não sabem se devem comprar ovos ou feijão, arroz ou massa e querem tirar o melhor partido do rendimento disponível", explicou o nutricionista e professor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universiadde do Porto.
Nuno Borges deu o exemplo do Banco Alimentar contra a Fome, que tem procurado fazer ações de formação para os seus profissionais sobre os alimentos, mas também sobre a segurança alimentar e salubridade.
As pessoas vão buscar o que as associações lhes dão e "é muito importante que a escolha esteja feita 'à priori', mas com critério, sobretudo com recursos reduzidos", pois o objetivo é, "com custo mais baixo possível, garantir qualidade mais aceitável possível", frisou.
Nuno Borges disse que não há ainda dados disponíveis acerca das consequências das dificuldades económicas nas opções de alimentação dos portugueses, porque "a crise foi muito rápida" e é difícil analisar as alterações de comportamento.
No entanto, "há uma coisa de que não temos dúvida: as pessoas têm menos dinheiro e estão a recorrer mais aos serviços de apoio social, às misericórdias, ONG [Organizações Não Governamentais], bancos alimentares", realçou.
Os nutricionistas vão estar reunidos dois dias em Lisboa, no XII Congresso de Nutrição e Alimentação, que se inicia hoje e é subordinado ao tema "Surpreender e Empreender o futuro em debate", para trocar informações e experiências também com outros profissionais, como médicos de família.
Nuno Borges recordou que, num contexto de recursos cada vez mais reduzidos, "é preciso muito mais critério em escolher aquilo que se come" e realçou que o papel dos profissionais de nutrição "é muito útil, muito relevante".
O especialista defendeu que "é possível comer bem por pouco dinheiro", o que implica ter informação e aprender a fazer algumas coisas diferentes.
Acerca da relação com os médicos de família, que podem ser o elo de ligação entre os doentes e aqueles profissionais, explicou que alguns centros de saúde "não têm nutricionista por questões organizacionais ou económicas", situação que "tem de se ir resolvendo ao longo do tempo".
Defendeu igualmente que é importante que os profissionais tenham a perceção das competências de cada um, no sentido de "favorecer a interligação e a multidisciplinaridade na abordagem de tantos doentes que vão parar ao Serviço Nacional de Saúde".
Lusa
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