20 de dezembro de 2013 - 09h15

O uso da imunoterapia para combater o cancro foi o avanço científico mais significativo em 2013, revela o "ranking" anual da revista Science sobre as dez descobertas mais importantes, hoje divulgado.

Diversos ensaios clínicos de imunoterapia - um tratamento que atua sobre o sistema imunitário, incluindo os linfócitos T, para que ataque os tumores - revelaram-se muito promissores, sobretudo contra os cancros agressivos, como o melanoma, segundo os responsáveis da última edição deste ano da revista, que sai hoje para as bancas.

Um grande número dos avanços em imunoterapia do cancro remonta à descoberta, no final dos anos 80, por investigadores franceses, de um recetor nas células T, que as impede de atacar os tumores cancerígenos com toda a sua força.

Experiências em ratinhos demonstraram que, ao neutralizarem o recetor, as células-chave do sistema imunitário reduziam consideravelmente os tumores cancerígenos nos roedores.

Mais recentemente, em 2006, investigadores japoneses identificaram um novo recetor capaz de travar a ação anticancro das células imunitárias, tendo os primeiros ensaios clínicos em doentes sido promissores, lembra a Science.

Há dois anos, a modificação genética das células T, visando a sua reprogramação para destruir os tumores, suscitou, também, entusiasmo na comunidade médica e foi objeto de um grande número de ensaios clínicos, sobretudo em doentes com leucemia.

De acordo com a Science, sinal da importância do potencial da
imunoterapia é que vários laboratórios farmacêuticos estão a investir
neste tratamento contra o cancro, depois de o terem ignorado durante
anos.

No "ranking" da Science das dez descobertas científicas
mais importantes de 2013 figuram, ainda, a técnica de modificação de
genes chamada CRISPR, usada para manipular os genes de plantas, animais e
células humanas, bem como a biologia estrutural, utilizada pela
primeira vez na produção de uma vacina.

A revista destaca,
também, a técnica de imagem CLARITY, que torna os tecidos cerebrais
transparentes e os neurónios visíveis, os modelos de órgãos humanos
cultivados em laboratório, como rins e cérebros, a identificação da
origem dos raios cósmicos nas estrelas que explodem (supernovas), a
descoberta de que o sono é essencial para o cérebro se limpar,
aumentando o espaço entre os neurónios, e os estudos sobre a importância
das bactérias que habitam o corpo humano.

Lusa