A realidade virtual (RV) tem-se tornado numa ferramenta promissora na área da saúde, trazendo inovações para diagnósticos, tratamentos, treino de profissionais, e até mesmo para o bem-estar dos doentes. Tem um enorme potencial no ensino da patologia da coluna vertebral em profissionais da saúde, que desejam especializar ou aperfeiçoar os seus conhecimentos nessa área. Aqui estão algumas formas específicas em que a RV pode ser útil:

  1. Visualização detalhada da anatomia da coluna vertebral
  • A RV permite uma visualização imersiva e tridimensional da coluna vertebral, incluindo estruturas anatómicas complexas, como vértebras, discos intervertebrais, ligamentos, músculos e nervos. Essa visualização detalhada ajuda os profissionais de saúde a compreenderem melhor a anatomia e a localização exata das estruturas, algo que pode ser difícil de entender em livros, ou até mesmo em modelos anatómicos tradicionais.
  • Com a RV, os utilizadores podem “navegar” pela coluna, girando, ampliando ou visualizando camadas transversais, o que facilita o estudo das relações entre as diferentes partes da coluna e como estas são impactadas por patologias.
  1. Simulação de patologias da coluna
  • A RV pode simular várias patologias da coluna, como hérnia de disco, estenose espinhal, escoliose, fraturas vertebrais, entre outras. Os profissionais de saúde podem observar como essas condições alteram a anatomia e a biomecânica da coluna, bem como os sintomas associados a cada patologia.
  • Essas simulações facilitam o entendimento dos mecanismos das patologias e ajudam a desenvolver a habilidade de diagnóstico, pois permitem aos utilizadores visualizar diferentes manifestações de doenças em tempo real.
  1. Prática de diagnóstico e avaliação
  • A RV pode ser usada para simular exames físicos e diagnósticos por imagem, como tomografias e ressonâncias magnéticas, permitindo que os profissionais de saúde aprendam a identificar e interpretar sinais clínicos e radiológicos de doenças da coluna. Isso é útil para diferenciar as condições e entender as abordagens de diagnóstico mais adequadas a cada caso.
  • As simulações de avaliações neurológicas e testes específicos podem ser feitas virtualmente, o que possibilita a prática de técnicas que ajudam na identificação de disfunções específicas da coluna.
  1. Treino em procedimentos e cirurgias
  • A RV permite que profissionais de saúde em formação pratiquem procedimentos cirúrgicos e técnicas invasivas de forma segura e sem riscos. As simulações de cirurgias de coluna, como a fusão vertebral, descompressão de estenoses vertebrais, laminectomia e discectomia, permitem aos formandos praticar num ambiente virtual antes de lidarem com doentes reais.
  • Esse treino melhora a coordenação, precisão e familiaridade com os procedimentos, proporcionando uma experiência prática, que reduz a curva de aprendizagem quando o profissional passa para a prática clínica.
  1. Estudo da biomecânica e dinâmica da coluna
  • A RV pode ser usada para demonstrar como a coluna vertebral se comporta sob diferentes cargas e movimentos. Isso é útil para entender a biomecânica, especialmente no contexto de lesões, má postura e uso incorreto do corpo, como levantamento de peso inadequado.
  • A tecnologia permite simular como forças externas (impacto e toque) afetam a coluna e como esses fatores podem contribuir para lesões ou piorar patologias existentes. Esse conhecimento é fundamental para médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, que trabalham na reabilitação e no tratamento conservador de doenças da coluna.
  1. Desenvolvimento de habilidades de comunicação e interação com doentes
  • A RV pode simular interações com doentes virtuais, permitindo que profissionais de saúde pratiquem habilidades de comunicação, uma parte crucial na recolha de dados e sintomas relacionados com a coluna. Os profissionais podem “entrevistar” doentes simulados, aprender a recolher informações essenciais sobre dor, limitações de movimento e antecedentes médicos.
  • A prática em um ambiente virtual ajuda a desenvolver empatia e a capacidade de comunicação, habilidades que são fundamentais para tratar doentes com doenças crónicas de coluna, que muitas vezes exigem um entendimento sensível dos sintomas e das limitações diárias.
  1. Ensino interdisciplinar
  • A RV permite a integração de diferentes especialidades, como ortopedia, neurocirurgia e fisioterapia, possibilitando que estudantes de diferentes áreas colaborem em casos simulados. A coluna vertebral, sendo um sistema complexo, frequentemente requer uma abordagem multidisciplinar, e a RV oferece um ambiente para a prática dessa colaboração.
  • Em simulações, estudantes podem trabalhar juntos para planear um tratamento que envolva desde a intervenção cirúrgica até à reabilitação física, compreendendo como cada especialidade contribui para o sucesso no tratamento das patologias da coluna.
  1. Avaliação e feedback em tempo real
  • A RV oferece feedback em tempo real sobre o desempenho dos alunos, permitindo uma avaliação contínua e objetiva. Por exemplo, durante uma simulação de cirurgia de coluna, a RV pode fornecer dados sobre precisão, tempo de execução e até o nível de segurança aplicado pelo estudante, durante o procedimento.
  • Esse feedback ajuda os profissionais de saúde a corrigirem erros rapidamente e a melhorar as suas habilidades de forma constante, o que é fundamental em procedimentos delicados como os da coluna vertebral.
  1. Facilidade para treinamento repetitivo
  • A prática repetitiva é essencial na aprendizagem de técnicas médicas complexas. A RV permite que os alunos realizem o mesmo procedimento várias vezes até que se sintam confiantes. Essa repetição é especialmente útil para consolidar habilidades motoras finas, cruciais para cirurgias e procedimentos na coluna.
  • Além disso, a RV possibilita treinar em diferentes variações de casos, incluindo condições anatómicas incomuns e complicações, algo que os estudantes podem não ver com frequência em sua prática clínica inicial.

Além do aspeto formativo em alunos ou profissionais de saúde, a RV tem também um enorme interesse para os doentes com patologia da coluna, sobretudo em duas áreas:

  1. Reabilitação Física
  • Na reabilitação de doentes com lesões musculares, esqueléticas ou neurológicas, a RV pode ajudar a realizar exercícios em ambientes imersivos, que tornam a prática mais envolvente e estimulante.
  • Esses exercícios, que simulam atividades do dia a dia, podem ajudar a restaurar habilidades motoras e aumentar a motivação do doente, algo importante em tratamentos longos e desgastantes.
  1. Controlo da Dor
  • Doentes submetidos a procedimentos dolorosos, ou em recuperação de cirurgias, podem usar a RV para desviar o foco da dor. Jogos imersivos ou experiências relaxantes em RV ajudam a reduzir a perceção da dor e o desconforto, durante tratamentos.
  • Em alguns casos, a RV tem sido uma alternativa ao uso de analgésicos, contribuindo para uma abordagem de tratamento menos invasiva.

Em suma, a realidade virtual permite um ensino dinâmico e interativo da patologia da coluna, que vai além das abordagens teóricas tradicionais. Com simulações práticas, visualizações detalhadas e feedback instantâneo, a RV oferece uma maneira eficaz de preparar os profissionais da saúde para lidar com a complexidade das doenças e dos procedimentos relacionados com a coluna vertebral.