14 de outubro de 2013 - 17h51
"Desmistificar a ida ao médico" é um dos objetivos do "Hospital dos Pequeninos" uma iniciativa promovida pelos estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) que teve início hoje, prolongando-se até sexta-feira, com mais de mil crianças.
"Se te portares mal, vais ao médico e o senhor doutor dá-te uma pica", esta era uma "ameaça" comum feita pelos pais aos mais pequenos quando estes não queriam comer a sopa ou não faziam os trabalhos de casa. Mas hoje a psicologia infantil aconselha abordagens que não incluam o medo às batas brancas.
Assim, os estudantes da FMUP criaram o "Hospital dos Pequeninos", convidando crianças de vários infantários do Norte a trazerem ao Hospital de São João, no Porto, os seus bonecos preferidos para serem tratados.
A bebé da Renata Oliveira estava doente, conforme contou à agência Lusa a menina de cinco anos que frequenta o Externato de Ribadouro. Tinha dores de cabeça. Depois de passar pela triagem a boneca da Renata foi tratada por um estudante de medicina que protagonizou o papel de médico e deu conselhos à "mãe" da paciente. "Deve-se comer comida saudável como legumes", foi a conclusão tirada pela menina.
Já a Frederica, uma boneca "filha" da Mariana Ferreira, de cinco anos, tinha "um braço partido ao andar na trotineta". No "consultório" dedicado a "acidentes" teve de pôr um penso e ficou "logo melhor", conforme contou a menina prometendo "ter muito cuidado" com as brincadeiras em casa.
Para curar as dores de cabeça de uma outra boneca, outra aluna do Externato do Ribadouro, a Frederica Marques, foi aconselhada a dar xarope à sua bebé, solução que a menina até já conhecia: "Tenho dores de barriga às vezes e também tomo xarope. Já não tenho medo dos médicos", disse a menina de cinco anos.
De hoje até sexta-feira são esperadas no "Hospital dos Pequeninos" cerca de mil crianças com idades entre os três e os seis anos. Mais de duas centenas de estudantes de medicina participam nesta iniciativa que pretende "acabar com o medo de ir ao médico" através de um discurso adaptado a estas idades.
"Transmitir às crianças de que o hospital serve para ajudar não é um sítio para ter medo é a mensagem", explicou à Lusa um membro do Departamento de Saúde Pública e Reprodutiva da Associação de Estudantes da FMUP, Salomão Fernandes, que hoje também se vestiu de médico e "a brincar".
E esta mensagem agrada aos educadores que acompanham os "papás" e "mamãs" de palmo e meio. "As crianças precisam de desmistificar a ida ao médico. Precisam de perceber a importância da ida ao dentista, ao otorrino, ao oftalmologista e não só quando estão doentes. Ficaram muito entusiasmados e sentiram-se importantes. Sentiram-se muito crescidos", defendeu uma professora do 1.º ciclo no Externato Ribadouro, Teresa Lima.
A "viagem" no "Hospital dos Pequeninos" começava com uma ida à triagem com os bonecos, peluches e até super-heróis "doentes", passando depois para o bloco operatório, análises clínicas, consultório de olhos e ouvidos, nutricionista e dentista.
Feito o diagnóstico às dores de barriga, quedas de bicicleta ou ferimentos a jogar à bola, que foram as principais causas de doença apresentadas pelas crianças, os bonecos receberam tratamento e uma receita para levantar os remédios na farmácia: "um lanche nutricionalmente equilibrado".
Pelo meio, num ambiente muito colorido, os mais pequeninos puderam, ainda, fazer desenhos e ouvir histórias.
Lusa