Alexandre Lourenço fala a propósito do estudo “Hospital do Futuro” que será apresentado sexta-feira, durante a primeira Conferência de Valor da APAH, que terá como tema os modelos de negócio e contratação em saúde.

O estudo - realizado por elementos da IESE Business School, da Accenture, da Karolinska University e do Hospital Clínic de Barcelona – propõe “a transformação da paisagem dos cuidados de saúde, recomendando que os principais hospitais públicos se tornem centros multidisciplinares de excelência, recebendo casos complexos e coordenando a prestação de cuidados de saúde em toda a comunidade afastando-se da prestação de cuidados de rotina”.

Para Alexandre Lourenço, o hospital do futuro é desenhado, oferece os seus serviços e os profissionais e toda a organização funcionam em função das necessidades dos doentes, “seja ao nível de instalações como as conhecemos hoje, seja em outro tipo de instalações mais próximas do quotidiano do doente”.

O presidente da APAH considera que os serviços que os hospitais apresentam atualmente “são sempre necessários”, embora possam ser prestados “de forma diferente”.

Alexandre Lourenço aponta alguns “exemplos de sucesso” em Portugal, como a cirurgia de ambulatório ou a monitorização domiciliária de portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) ou com insuficiência cardíaca, que impede que os doentes sejam internados. “Muitos dos cuidados que hoje prestamos a nível hospitalar podemos prestar de outras formas, com melhor experiência do doente”, adiantou.

Hospitais mais pequenos, autónomos e focados

Contudo, para que a mudança aconteça os hospitais precisam de mais autonomia, disse. “Hoje em dia os hospitais atravessam algumas dificuldades em termos de autonomia. Só conseguiremos ter um hospital mais moderno e mais direcionado para as necessidades dos doentes quando as próprias organizações tiverem mais autonomia que lhe permitirá novas prestações, maior inovação e centradas nas necessidades dos doentes”, afirmou.

Para Alexandre Lourenço, esta dificuldadede autonomia dos hospitais em relação à tutela “coloca em causa o desenho da oferta do serviço”. O estudo recomenda que “os hospitais devem reduzir a sua dimensão, com foco em serviços complexos que exigem conhecimentos e tecnologias especializadas” e a eliminação de “os limites rígidos entre os departamentos médicos”, o que permitiria que os recursos sejam “compartilhados entre eles de forma mais flexível”.

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Os autores consideram mais importante os “focos nos resultados em saúde e não no volume de serviços prestados”.

Para tal, deve-se maximizar “o valor do «big data» existente desempenhando um papel importante na análise dos resultados, não só em termos do impacto das intervenções de cuidados de saúde, mas também de forma mais ampla sobre os resultados sociais e económicos”.

“Construir em conjunto parcerias mais fortes com os fornecedores onde a componente de partilha de risco e de resultados seja a adequada para o desenvolvimento de padrões globais de saúde mais elevados” é outra das propostas do estudo.