Em causa estão quatro discectomias (excisão parcial ou total de um disco intervertebral herniado) lombares totalmente endoscópicas, realizadas em Santa Maria da Feira pelo Serviço de Ortopedia e Unidade de Coluna do Hospital São Sebastião, que é um dos três sob administração do CHEDV.

"O Hospital São Sebastião é o primeiro hospital público do país a realizar esta cirurgia inovadora que, sendo muito menos invasiva do que uma intervenção convencional aberta, representa maior conforto para o doente e menos tempo de internamento pós-cirúrgico", declarou à Lusa Miguel Paiva, presidente do conselho de administração do CHEDV.

Segundo o responsável, este tipo de intervenção "tem ainda a vantagem de diminuir a exposição do doente ao ambiente hospitalar e de reduzir os inerentes custos do SNS com essa estadia". No essencial, cada uma das referidas discectomias concretizou-se com recurso a duas pequenas incisões: uma por onde circulou o endoscópio, aparelho que, munido de uma fonte de luz e uma câmara, permite ao médico identificar o local em que pretende intervir e controlar os seus movimentos através de um visor; e outra pela qual foi manuseado o instrumento cirúrgico com que o médico retirou da vértebra do doente o disco que lhe vinha causando a hérnia.

Segundo Miguel Paiva, a vantagem desse procedimento é que permite fazer a mesma operação que a técnica aberta, mas apenas com uma incisão mínima, sem destruição muscular e quase sem qualquer lesão ao nível de ligamentos e ossos, o que se traduz numa "agressão cirúrgica mínima, ótimos resultados cosméticos graças a uma cicatriz quase impercetível - inferior a um centímetro - e uma taxa de infeção próxima de 0%".

Além disso, a discectomia endoscópica pode ser feita "com internamentos de apenas um dia e o pós-operatório é habitualmente pouco doloroso".

Artur Teixeira, responsável pela Unidade de Coluna do CHEDV, admite que o tratamento menos agressivo da hérnia discal já há muito era um objetivo do Serviço de Ortopedia do Hospital São Sebastião. "Em 1999 começámos pela utilização do microscópio como forma de potenciar a visão e permitir uma pequena incisão", recordou o médico, acrescentando que em 2006 foram introduzidas “técnicas minimamente invasivas que permitiram uma grande evolução no sentido de diminuir a extensão da cicatriz, que então passou a ser de cerca de dois centímetros, e agora o tratamento da hérnia discal através desta técnica totalmente endoscópica vem dar continuidade a esse percurso".

O ortopedista quer, por isso, alargar o procedimento a mais utentes com necessidades idênticas, estimando que "cerca de 150 doentes por ano poderão beneficiar da nova técnica".

Para Miguel Paiva, esse recurso a práticas cirúrgicas "inovadoras e muito diferenciadas mostra bem que unidades hospitalares de média dimensão como o CHEDV também dispõem de profissionais que se distinguem pela qualidade e pioneirismo".

No caso particular do Serviço de Ortopedia, realçou que os médicos da unidade funcional de coluna "realizam técnicas de elevada diferenciação, o que tem sido reconhecido com vários prémios e publicações em revistas científicas".

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