Numa mensagem por vídeo, Guterres pediu aos ministros dos Negócios Estrangeiros das 20 principais economias industrializadas e emergentes para que arranjem respostas multilaterais face a uma conjuntura que, segundo ele, ameaça quebrar a atual ordem internacional e deixar o planeta num ponto de “não retorno” em termos climáticos.
Segundo o chefe da ONU, o multilateralismo hoje não é já uma escolha, mas uma “necessidade”.
“É a única forma de evitar a escassez generalizada de alimentos, o agravamento do caos climático e uma onda de pobreza e miséria que não deixará nenhum país intacto”, insistiu.
Guterres chamou à crise climática a “emergência número um” da atualidade e lembrou aos membros do G20 que têm a principal responsabilidade de solucionar o problema.
“Precisamos de uma revolução das energias renováveis. Terminar com o vício global em combustíveis fósseis é a prioridade número um. Acabar com novas centrais de carvão (…) com a expansão da exploração de petróleo e gás”, defendeu.
O diplomata português estabeleceu como segunda prioridade global a resposta às crises alimentar, energética e financeira, agravadas pela guerra na Ucrânia.
Com o aumento dos preços dos alimentos e fertilizantes, Guterres avisou que existe um “risco real de várias fomes este ano” e que no próximo ano poderá ser ainda pior.
Desta forma, apelou às potências do G20 para que trabalhem em conjunto para estabilizar os mercados e apoiar as economias em desenvolvimento, que devem ter acesso a um financiamento potenciado por um novo quadro internacional de ajuda à dívida pública.
Assegurou que a ONU continua a trabalhar para facilitar as exportações alimentares ucranianas através do Mar Negro e permitir o livre acesso ao mercado de alimentos e fertilizantes russos.
Guterres foi convidado de honra na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 em Bali, na Indonésia, marcada pela temática da guerra na Ucrânia e pela inflação global e que termina hoje.
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