A fome “mata mais pessoas do que a sida, a tuberculose e a malária juntas”, afirmou Robert Opp durante a sua intervenção na cimeira, em Lisboa, onde apresentou cinco formas de utilizar a tecnologia para combater o problema da fome.

Um dos desafios do PAM é “usar a tecnologia para atacar um dos maiores, mais duradouros e um dos mais trágicos” problemas que a humanidade enfrenta, sublinhou o responsável.

Um dos desafios passa por utilizar ‘drones’ e inteligência artificial para avaliar a situação em que se encontra o local correspondente à crise humanitária de forma a poder atuar rápida e assertivamente.

Durante o seu discurso, Robert Opp apontou como objetivo a criação de uma plataforma ‘online’ que interliga produtores e consumidores, pois considera que em muitos países os mercados “não são eficientes”.

O diretor de Inovação do PAM acrescentou que serão desenvolvidas novas plataformas para que os cidadãos possam participar no programa e ajudar a combater a fome do mundo, uma vez que, considerou, os donativos “não são suficientes”.

Cerca de 815 milhões de pessoas no mundo “não têm comida suficiente” devido a catástrofes naturais, conflitos e pobreza extrema. De acordo com Robert Opp, esse valor corresponde a uma em cada nove pessoas em todo o mundo.

A ONU já tinha divulgado, em setembro passado, um relatório publicado por três das suas agências, onde indicou que, após uma diminuição constante durante mais de dez anos, o número de pessoas a passar fome está a aumentar e atingiu o valor de 815 milhões em 2016.

No total, cerca de 155 milhões de crianças menores de cinco anos registam atrasos de crescimento devido à fome, segundo o relatório.

O Diretor de Inovação da PMA indicou ainda que o número de deslocados devido a guerras e conflitos é o maior desde a II Guerra Mundial.

“Sessenta a 65 milhões de pessoas deslocaram-se das suas casas devido a conflitos e quando são deslocadas perdem a sua vida e podem passar fome por não conseguirem comida”, explicou o Diretor de Inovação do PAM.

O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, já tinha dado conta destes valores num relatório anual divulgado em junho passado por essa agência da ONU.

O número de pessoas forçadas a abandonar as suas casas devido à guerra, violência ou perseguição atingiu um valor recorde em 2016, com 65,6 milhões, um aumento face aos 65,3 milhões registados em 2015, de acordo com o relatório.

Robert Opp clarificou ainda que, muitas vezes, “não é apenas uma questão de quantidade [de comida] mas também da qualidade” dos produtos a que as pessoas têm acesso, o que pode deixar sequelas para o resto da vida.