“É uma vergonha e o conselho de administração anterior devia ser responsabilizado”, disse à Lusa o presidente da FNAM, João Proença, defendendo que Daniel Ferro, o anterior presidente do Hospital Garcia de Orta, no distrito de Setúbal, deveria ser destituído das atuais funções que exerce no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
“É promover o doutor Daniel Ferro que foi responsável pela destruição dos serviços, porque o problema não é só com a pediatria, mas também com a medicina e a cirurgia, pela forma como geria o hospital”, defendeu.
Para João Proença, o encerramento da urgência pediátrica no período noturno a partir de segunda-feira, anunciado pela ministra da Saúde, Marta Temido, “é uma situação inacreditável que aconteceu porque se deixaram sair 13 pessoas”.
Além disso, teme que a “situação se agrave” porque o atual conselho de administração, liderado por Luís Amaro, nomeou um novo coordenador da unidade de pediatria que “não tem o grau de consultor”.
“Isso era aquilo que já fazia o dr. Ferro, que também nomeou para a neurologia e outros serviços pessoas que não tinham grau de carreira para serem diretores de nada. Isto vai criar uma conflitualidade ainda maior e é provável que a pediatria se venha a desintegrar na totalidade”, alertou.
Segundo o presidente da FNAM, esta situação vai afastar a candidatura de pediatras às vagas que serão lançadas, porque “as pessoas só vão quando não há conflitualidade no serviço, quando acreditam que vai mudar e há um ambiente saudável”.
Também o ex-diretor da pediatria do Garcia de Orta, Anselmo Costa, afirmou hoje que o fecho da urgência era “evidente” há um ano e que a administração liderada por Daniel Ferro “negou um problema sério que se foi agravando ao longo do tempo”.
Em relação à medida anunciada pela ministra da Saúde, de alargar o horário de duas unidades de saúde para colmatar o fecho das urgências pediátricas no período noturno, João Proença defendeu que “já o deviam ter feito há mais tempo em todos os centros de saúde”.
“Os hospitais funcionam mal, as urgências estão cheias porque, de facto, não há uma resposta cabal dos centros de saúde às pessoas que têm necessidades básicas, mínimas, que podiam evitar ir ao serviço de urgência. Têm que o fazer, mas têm que pagar horas extraordinárias de acordo com a lei”, frisou.
As unidades de saúde da Amora, no Seixal, e da Rainha Dona Leonor, em Almada, vão passar a funcionar das 08:00 às 00:00, nos dias de semana, e das 10:00 às 22:00, no fim de semana.
Devido ao descontentamento pelo fecho da urgência pediátrica, a União dos Sindicatos de Setúbal e a Comissão de Utentes da Saúde de Almada e Seixal marcaram uma vigília em frente ao Hospital Garcia de Orta, na segunda-feira, a partir das 20:00.
Atualmente, trabalham 28 médicos no serviço de pediatria, dos quais só sete fazem urgência e apenas quatro podem fazer noites porque têm menos do que 55 anos.
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