Até ao Natal, uma corrida às farmácias deixou as prateleiras dos estabelecimentos sem medicação para o tratamento dos sintomas da covid-19, levando o Governo a limitar o número de embalagens vendidas.
“Ainda não temos medicação para a tosse”, disse à Lusa uma funcionária da Farmácia Popular, no Largo do Senado, apontando, porém, que antes do Natal a carência de medicamentos fazia-se sentir mais.
Fong Sok Teng referiu que para a tosse “só estão disponíveis medicamentos de medicina tradicional chinesa”, e que para tratar gripes e constipações e fazer baixar a febre estão a ser comercializados produtos oriundos do Japão, de Hong Kong e de Taiwan.
A responsável referiu não saber quando será reposto o ‘stock’ de ben-u-ron, um antipirético e analgésico, à base de paracetamol.
Também a farmácia Wan Tung, no centro da cidade, “não tem xarope para a tosse”, apesar de vender outra medicação antitússica de Taiwan.
Um funcionário deste estabelecimento confirmou à Lusa a “rutura do fornecimento de medicação para a gripe e constipação desde meados de dezembro”.
Mesmo ao lado, a farmácia Alpha, na avenida do Infante D. Henrique garantiu que, apesar da carência de algumas marcas, há terapêutica disponível de Taiwan, Japão e Hong Kong.
Macau começou a limitar, na semana passada, a compra de medicação nas farmácias do território, permitindo “a cada compra” a aquisição de uma caixa ou frasco de analgésicos e antipiréticos, de uma caixa ou frasco de medicamentos antigripais, de uma caixa ou frasco de medicamentos para a tosse e de dez doses de testes rápidos de antigénio (RAT).
“Existe ainda a pressão de fornecimento em relação aos medicamentos compostos para gripes e constipações, antitússicos e expetorantes”, escreveu, em comunicado, o Instituto para a Supervisão e Administração Farmacêutica (ISAF).
“É positivo limitar a venda da medicação”, constatou Fong Sok Teng, da Farmácia Popular.
“A maioria das pessoas tem origem na China e, como também há falta de medicamentos na China, as pessoas procuram comprar para os seus familiares, ou seja, não estamos a fornecer um mercado de cerca de 600 mil habitantes [população de Macau], mas muito maior que isso”, disse à Lusa outro farmacêutico, que gere um estabelecimento na Taipa e que se queixa do “açambarcamento dos produtos”.
Macau, que à semelhança do interior da China seguia a política ‘zero covid’, apostando em testagens em massa, confinamentos de zonas de risco e quarentenas, anunciou recentemente o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos das rigorosas restrições.
O ISAF já tinha apontado que Macau e as regiões vizinhas enfrentavam a falta de medicamentos para tratar sintomas da covid-19, alertado para as farmácias comunitárias “não elevarem os preços à toa ao aprovisionar medicamentos” e sugerindo medidas de limite de compra destes bens, para responder à procura.
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