O fabricante do inalador que, segundo um estudo, aumenta o risco de morte nos doentes com bronquites crónicas, tranquilizou hoje os seus utilizadores, sustentando que a “relação risco-benefício” do fármaco “não foi alterada”, dando aos pacientes melhor qualidade de vida.

Um estudo publicado na revista British Medical Journal revela que o inalador Spiriva Respimat, comercializado em Portugal e em mais 54 países, aumenta em 52 por cento o risco de morte, sobretudo cardiovascular, entre os doentes com bronquites crónicas.

O inalador, da farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim, liberta brometo de tiotrópio, um broncodilatador (que dilata as vias respiratórias, tornando mais fácil a entrada e saída de ar nos pulmões) destinado às pessoas que sofrem de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, que reagrupa as bronquites crónicas e o enfisema.

O brometo de tiotrópio faz parte da família dos anticolinérgicos, que aumentam o risco de falhas no ritmo cardíaco, em particular nos doentes já com problemas cardíacos.

Em Portugal, o Spiriva Respimat deve ser usado com precaução em doentes com distúrbios do ritmo cardíaco, segundo o folheto informativo do fármaco.

Em declarações à Agência Lusa, o diretor médico da Boehringer Ingelheim Portugal, Carlos Trabulo, disse que “não há nenhuma razão para que se tenha criado este alarme”, uma vez que “a relação risco-benefício” do medicamento “não foi alterada”, permitindo aos doentes “viverem mais tempo e com melhor qualidade de vida”.

Carlos Trabulo lembrou, no entanto, que, antes de receitar o fármaco, o médico terá de ter o “cuidado de despistar situações como arritmias cardíacas pré-existentes que possam eventualmente ser agravadas com a administração do medicamento” e, assim sendo, prescrever a sua “suspensão e substituição”.

O responsável adiantou que a meta-análise publicada no British Medical Journal não inclui um sexto estudo que indica que o “risco de mortalidade global e cardiovascular” associado ao Spiriva Respimat “é praticamente nulo”.

O diretor médico da filial portuguesa da farmacêutica alemã acrescentou que um dos cinco estudos incluídos na investigação menciona que apenas a dosagem de 10 microgramas, não comercializada em Portugal, “poderia ter um risco de mortalidade ligeiramente aumentado”.

16 de junho de 2011

Fonte: Lusa/SAPO