Este é um dos resultados de um projeto desenvolvido pelo investigador da Faculdade de Deporto da Universidade do Porto (FADEUP) Eduardo Oliveira, cuja finalidade é verificar o contributo do exercício na melhoria da qualidade de vida das mulheres com esta patologia, nas diferentes fases do tratamento.
Ao todo, foram avaliadas 80 mulheres ao longo de 12 semanas, fazendo 40 delas parte do grupo de intervenção, 25 do grupo de controle e 15 do grupo de mulheres saudáveis que faziam exercício, com idades compreendidas entre os 24 e os 78 anos.
Foram submetidas a duas sessões semanais gratuitas de 60 minutos de exercício moderado, compostas um treino cardiovascular (bicicletas), trabalho de força nos membros inferiores (utilizando o própria peso da doente) e exercícios de mobilidade para os membros superiores (com elásticos).
Durante o protocolo foram sendo monitorizadas de forma a verificar se estavam aptas a continuar os exercícios, excluindo-se aquelas que tinham uma anemia severa, febre ou o sistema imunitário debilitado, explicou o investigador.
No fim do estudo, foi também possível verificar que um protocolo de exercício individualizado e ajustado para cada uma das doentes permite melhorar a aptidão cardiorespiratória e a funcionalidade do dia-a-dia, comparativamente às mulheres que não fazem exercícios.
Em consequência disso, constatou-se uma melhoria no estado emocional e social das mulheres submetidas a este programa, devido à interação entre as doentes e os profissionais e à partilha de experiências, "extravasando a componente física" do projeto.
Outro resultado significativo é que as doentes que seguiam o programa, contrariamente às mulheres que só faziam parte do grupo de controlo, não "adiavam nem deixavam de ir aos tratamentos", conseguindo cumprir o plano de tratamento "com maior eficácia".
"Quando uma pessoa sente-se cansada a tendência é que a sua atividade física diminua", referiu Eduardo Oliveira, acrescentando que esse comportamento leva a "círculo vicioso".
A fadiga derivada dos tratamentos é "intensa e permanente", diferente da fadiga associada ao exercício físico, que proporciona uma "sensação de bem-estar", acrescentou.
Segundo Eduardo Oliveira, parar totalmente a atividade não é o mais aconselhável visto que a este comportamento está associada a perda de força, a atrofia muscular e a perda de massa magra, para além da diminuição da aptidão cardiorespiratória.
A parte interventiva da investigação decorreu no centro de apoio Mama Help, no Porto, que se carateriza por fornecer recursos de tratamento não médico durante o processo de tratamento das mulheres com cancro da mama, para atenuar alguns sintomas associados ao mesmo.
Este projeto foi orientado por Maria João Cardoso, cirurgiã chefe da unidade da mama da Fundação Champalimaud e diretora do Mama Help, e José Soares, docente da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
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