11 de junho de 2014 - 08h01
A Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino – Europacolon é hoje ouvida na Comissão de Saúde, onde vai manifestar a sua oposição ao rastreio à doença proposto pela Direção-Geral da Saúde, que classifica de “enganador” para a população.
“O rastreio oportunístico proposto já existia e era ineficaz. Parece-nos redutor e enganador que se continue a deixar na dependência da boa vontade dos médicos dos cuidados de saúde primários o convite não organizado a que os doentes, que vão à consulta por outra razão, façam o rastreio”, defendeu, em declarações à agência Lusa, o presidente da Europacolon, Vítor Neves.
O responsável considerou como um “ato agressivo e criminoso”, “demasiado cruel”, que não se faça em Portugal um rastreio organizado de base populacional para o cancro do intestino, à semelhança dos tumores da mama ou do colo do útero.
Vítor Neves lembrou que o cancro do intestino mata em Portugal quase quatro mil pessoas por ano, ao mesmo tempo que surgem oito mil novos casos.
“Isto é os portugueses a continuarem enganados. Fala-se em rastreio, mas não é rastreio nenhum", disse o presidente da Europacolon, referindo-se a uma norma da Direção-Geral da Saúde (nº 3/2014) publicada no final de março.
Para esta associação, que junta doentes e médicos, esta norma apenas reintroduz uma medida que já existe e que não está a funcionar.
“É uma mortalidade avassaladora, uma questão de saúde pública que está a ser insistentemente ignorada pelo ministro da Saúde. Em 2014 morrerem quase quatro mil pessoas por ano por uma doença que é rastreável, já chega, já chega”, refere o presidente Europacolon.
O que a associação defende é um rastreio organizado, em que os centros de saúde convocam especificamente os utentes numa determinada faixa etária para realizarem, anualmente, o exame ao sangue oculto nas fezes. Em caso positivo, esses doentes devem fazer colonoscopia de forma imediata.
Por Lusa