O primeiro rastreio serológico realizado pela Fundação Champalimaud e pelo Algarve Biomedical Center (ABC) testou 1.235 funcionários da proteção civil, forças de segurança, centros de saúde e lares do concelho de Loulé e chegou à conclusão que a taxa de infeção, ainda que baixa, é de 2,8%.

Essa taxa é 14 vezes superior ao que tinha sido detetado pelos testes de diagnóstico (0,2%). A experiência-piloto indica que pelo menos 30 pessoas da amostra tiveram contacto com o vírus sem o saber. Do grupo de 1235 pessoas, apenas 0,2% sabiam que tinham sido infetadas com o vírus causador da COVID-19.

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"Fizemos 1235 testes e demonstrámos que nós temos, na realidade e nas populações de risco que testámos, uma taxa de casos muito acima daqueles que são conhecidos", diz Nuno Marques, diretor do ABC, citado pelo jornal Sul Informação.

O estudo feito no Algarve teve como centro nevrálgico um drive-thru instalado ao lado do que já existia no Estádio Algarve, para fazer os testes serológicos, que detetam anticorpos para o novo coronavírus presentes no sangue.

"Nós podemos pensar que 2,8% é baixo. Mas ainda bem que assim é, porque a frequência por diagnóstico é de 0,2%. Isto revela, por um lado, a eficiência das medidas. Por outro, mesmo tendo medidas muito eficientes, com testes diagnóstico, o que vemos é apenas a ponta do icebergue e há um universo muitíssimo superior de pessoas que estiveram infetadas e não tiveram sintomas, ou em que estes foram tão ligeiros que não foram valorizados", considerou Henrique Veiga-Fernandes, imunologista da Fundação Champalimaud e um dos responsáveis do estudo, citado pelo mesmo jornal.

Em Portugal, morreram 1.105 pessoas das 26.715 confirmadas como infetadas, e há 2.258 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 263 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

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A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.