“A investigação sobre a qualidade de vida e a atividade física da população idosa do concelho revelou que 21% dos idosos da Guarda sofre de obesidade e 46% de pré-obesidade: o que corresponde a 67% da população sénior. O frio rigoroso e o medo das lesões foram identificados como os principais entraves à prática de atividade física”, refere o IPG em comunicado enviado à agência Lusa.

O estudo realizado por cinco investigadores do IPG, inserido no projeto Gmove+, foi publicado em 2019 e reeditado em janeiro de 2021.

Foram avaliados 213 indivíduos residentes na Guarda (56% do sexo feminino e 44% do sexo masculino) com idade igual ou superior a 65 anos, em três grandes áreas: qualidade de vida e estado de saúde; aptidão física e funcionalidade; e níveis, barreiras e promotores da prática regular da atividade física.

Segundo o IPG, o estudo conclui que “a maioria da população guardense com mais de 65 anos é obesa ou está em risco de desenvolver essa condição”.

“Depois de sabermos que oito em cada dez idosos em Portugal estavam com sobrepeso, segundo o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, quisemos conhecer profundamente a realidade do concelho da Guarda”, afirma na nota Carolina Vila-Chã, coordenadora do estudo e docente no IPG.

O questionário sobre os motivos que impedem ou constituem obstáculos à prática de atividade física mostrou que o “clima desfavorável” (referido por 57,8% dos idosos) é a principal causa, seguido do “tenho medo de uma lesão ou incapacidade” (indicado por 44% dos inquiridos).

“A pobreza energética das habitações e instalações desportivas é um grande problema: os edifícios são muito frios no inverno. As temperaturas exteriores são pouco convidativas e as casas carecem de condições que facilitem a prática de exercício”, acrescenta Carolina Vila-Chã.

Outro grande obstáculo, principalmente para as mulheres, "é o medo de se lesionarem ou agravarem alguma das suas patologias, claramente por desconhecerem a plenitude das vantagens da atividade física para a sua saúde”.

As recomendações para a população permanecer em casa devido à pandemia da covid-19 “fizeram aumentar o sedentarismo, ao limitarem as movimentações diárias dos cidadãos, especialmente dos mais idosos por pertencerem aos grupos de risco”, acrescenta.

“Para evitar essa tendência, estamos a procurar desenvolver, em articulação com elementos da Câmara Municipal da Guarda e da Unidade Local de Saúde, atividades direcionadas para o período pós-pandemia”, remata a investigadora.

O estudo revelou ainda que 60% dos inquiridos sofrem de doenças cardiovasculares e 34% de doenças osteoarticulares.

“A falta de atividade física está habitualmente associada a doenças do coração, a diabetes ou à perda de mobilidade dos idosos”, aponta o presidente do IPG, Joaquim Brigas.

O responsável salienta que “a prática de atividade física deve ser considerada uma prioridade de saúde pública e, por isso, o IPG, através de profissionais ligados ao desporto e à saúde, irá continuar a criar medidas para quebrar o comportamento sedentário e aumentar a qualidade de vida dos idosos”.